Ex-líder da Ku Klux Klan exalta nacionalismo de Bolsonaro, que rechaça apoio
Em seu comentário, David Duke começa dizendo que movimentos nacionalistas têm se espalhado pelo mundo "até em países que você nunca pensou". "Ele é um descendente europeu. Ele se parece com qualquer homem branco na América, em Portugal, Espanha ou Alemanha e França ou Reino Unido. Ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro. Ele soa como nós. Ele também é um candidato muito forte. É um nacionalista", disse Duke em referência a Bolsonaro.
O presidenciável se manifestou no Twitter a respeito do comentário. "Recuso qualquer tipo de apoio proveniente de grupos supremacistas", escreveu, em inglês. "Sugiro que, por coerência, apoiem o meu adversário o candidato da parte esquerda, que adora Segregar a sociedade! Esta é uma ofensa com as pessoas brasileiras, as mais belas e mistas da raça do mundo."
Duke chegou a ser um líder da Ku Klux Klan, organização que defende a supremacia dos brancos sobre os negros e organizou linchamentos e outros atos criminosos no sul dos Estados Unidos. O grupo sobrevive nos EUA atualmente com variadas ramificações segregacionistas e contrárias a minorias.
Em 2017, o ataque na cidade americana de Charlottesville voltou a chamar a atenção do país sobre os movimentos racistas e neonazistas que defendem a supremacia branca e Duke participou da organização dos atos na cidade. Uma mulher morreu após um motorista jogar o carro contra manifestantes que eram contrários ao grupo racista. Na época, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que havia "muito ódio e violência" em "ambos os lados" e foi fortemente criticado por não indicar o racismo por parte dos grupos supremacistas brancos.
No programa de rádio, David Duke demonstrou receio com a tentativa de Bolsonaro de adotar "algumas mesmas estratégias de Donald Trump" de aproximação do país com Israel. Duke é conhecido por negar o holocausto e, antes de integrar o KKK, ganhou fama após aparecer vestindo um uniforme nazista. Após a fala sobre Bolsonaro, ele defendeu que os países adotem uma política "não pró-Israel, mas pró-Europa e pró-América".
Duke entrou para a KKK, segundo a imprensa americana, para alavancar sua carreira política de congressista no Estado de Louisiania pelo partido republicano, mas acabou deixando a organização para formar a Associação Nacional para o Avanço do Povo Branco. Ele perdeu disputas políticas como uma corrida eleitoral para governador no Estado.
A chamada para o programa de rádio, no site de Duke, aponta que ele iria celebrar a saída de Nikki Haley como embaixadora dos EUA na ONU e "a preparação de uma revolução pró-brancos" por Bolsonaro, no Brasil. A chamada incluía um parênteses para se referir a Haley escrito "prostituta". Em seu site, Duke se identifica como "Dr. David Duke".
De acordo com a rede de televisão NBC, ele recebeu o título de doutor em história em 2005 de uma universidade privada ucraniana acusada de fomentar o anti-semitismo.
Agência Estado
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