Capacidade do PT de fazer campanha deve levar Haddad ao 2º turno, diz economista
"A dificuldade que vejo com a esquerda de uma maneira geral é a falta de diagnósticos tão claros. Eu acho muito improvável o PT conseguir fazer a repetição do primeiro mandato de Lula", disse.
De acordo com a economista da XP Investimentos, Lula ganhou a eleição com muito apoio popular, se afastou da agenda petista e implementou uma agenda ortodoxa na política macro e liberal e na política pública de modo geral.
Sobre Jair Bolsonaro, candidato do PSL, Zeina chamou a atenção para o fato de ele ainda não ter um plano econômico concreto. De acordo com ela, são apenas afirmações vagas. Sobre o apreço que parte do mercado tem para com o economista Paulo Guedes, responsável pelo capítulo econômico de Bolsonaro, Zeina disse que qualquer um que fale que é preciso deixar a economia respirar com menos intervencionismo terá a simpatia de uma parcela do setor produtivo e do mercado financeiro.
Mas isso, de acordo com ela, não é suficiente. Dilma, lembrou Zeina, ganhou a eleição e colocou o Joaquim Levy, um economista ortodoxo da escola de Chicago, como ministro e deu no que deu. "Não está claro o que é a convicção do Bolsonaro e nós estamos com medo de uma repetição do Dilma 2", afirmou, reiterando que é preciso ter a convicção do presidente já que se trata de uma agenda de governo e não do ministro da Fazenda.
Além disso, a economista ressalta que tem a questão política: "E o Bolsonaro não parece ter habilidade. Ele não conseguiu ser candidato de uma sigla importante, não conseguiu aglutinar uma base consistente, está muito isolado politicamente e isso, obviamente, traz uma grande preocupação."
O investidor, de acordo com Zeina, é pragmático. Para ele não importa o nome do candidato, se ele é de esquerda ou direita. "Qualquer um que venha com uma agenda consistente, que condiz com as urgências do País, mostre senso de urgência e capacidade política, é isso que o investidor vai olhar", afirmou. "É reformista ou não é, tem plano e capacidade de entrega? É isso que importa no final do dia", avaliou.
Experiência do candidato
De acordo com Zeina, o lado emocional do eleitor que, por ora domina o debate político e eleitoral, tenderá a ceder espaço no debate eleitoral a uma melhor análise dos candidatos, na medida em que for se aproximando o dia da eleição. "O eleitor vai analisar bem os candidatos e o emocional vai diminuir", disse ela.
Citando uma pesquisa do Instituto Ipsos, Zeina disse que começa a aumentar a preocupação do eleitor com a experiência do candidato. Neste sentido, por mais irônico que possa parecer, a figura de um candidato "outsider" não é exatamente o que o eleitor, no fundo, parece querer.
Do ponto de vista dos agentes econômicos, de acordo com economista da XP, que são pragmáticos, o candidato com maior chance de vencer a eleição é o que melhor sinalizar que aproveitará o peso das urnas para promover de cara as reformas estruturantes, com destaque para a previdenciária. "O poder aglutina no início do mandato", disse a economista.
Para a economista, todos os candidatos bem avaliados nas pesquisas reconhecem a necessidade de se promover as reformas, mas alerta para o fato de que o próximo presidente vai precisar de muita capacidade de articulação no Congresso, que não deve passar por uma grande renovação.
O baixo índice de renovação do Congresso, diante da premência das reformas, segundo Zeina será até positivo, já que neste cenário o parlamentar não terá muito tempo para aprender antes como funciona o Congresso e nem exigirá do Executivo que o recomece do zero as explicações sobre a necessidade das reformas.
Agência Estado
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