Duda contesta versão da J&F sobre R$ 2 mi
Ex-marqueteiro do PT, Duda Mendonça assinou acordo de delação com a Polícia Federal que aguarda homologação no Supremo Tribunal Federal. É a primeira vez que uma colaboração firmada pela PF chega ao STF, onde já tramita uma ação proposta pela Procuradoria-Geral da República que sustenta que é inconstitucional que a polícia celebre os acordos.
O documento ao qual o Estado teve acesso mostra em 58 tópicos as explicações sobre os valores recebidos pelo marqueteiro por serviços que teriam sido prestados ao grupo J&F.
Uma planilha entregue por Saud à PGR indica "R$ 2 milhões, campanha Paulo Skaffi (sic), autorizado por Temer, pagar para empresa JEMC, escritório de consultoria de Duda Mendonça, publicitário do mesmo".
A mesma nota fiscal utilizada por Saud como prova do repasse da J&F para pagar despesas da campanha de Skaf é citada por Duda para justificar valores recebidos por serviços prestados ao irmão de Joesley, João Batista Júnior. O empresário foi filiado ao PMDB, chegou a se colocar como pré-candidato ao governo de Goiás, em 2014, mas desistiu da disputa.
Os advogados de Duda narram que o repasse de R$ 2 milhões do Grupo J&F para a empresa JECM é proveniente de um contrato firmado em 24 de fevereiro de 2014. Os contatos para a contratação por Júnior Friboi, segundo Duda, começaram entre junho e julho de 2013 e foram efetuados pelo próprio Joesley. Como prova, Duda anexou ao documento trocas de e-mails e mensagens com Joesley e com terceiros que prestaram os serviços para a pré-campanha de Júnior Friboi.
Defesas
Em nota, Skaf disse que "não recebeu nenhum tostão do Grupo JBS" na eleição de 2014. O presidente da Fiesp afirmou ainda que todos os gastos e doações da campanha foram declarados à Justiça Eleitoral.
Também por meio de nota, o grupo J&F disse que "os colaboradores já apresentaram informações e documentos à Procuradoria-Geral da República e continuam à disposição para cooperar com a Justiça".
A defesa de Duda Mendonça não respondeu aos contatos da reportagem.