PSOL e Rede preparam pedido de cassação de Rocha Loures
A representação, que deve ser protocolada na terça-feira, 23, vai sustentar que Rocha Loures recebeu dinheiro não contabilizado para defender interesses privados junto à administração pública. No diálogo captado pelo empresário, Temer indica o deputado para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS) no Cade. Na conversa, o empresário ainda perguntou a Temer se poderia tratar "de tudo" com o parlamentar, ao que o presidente respondeu: "Tudo".
Em outra gravação entregue aos procuradores, feita em vídeo dias depois, o parlamentar foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil que teria sido enviada por Joesley. Tanto a conversa com Temer quanto a entrega do dinheiro teriam ocorrido em março, mês em que Rocha Loures assumiu o mandato na vaga deixada pelo atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB).
Loures foi assessor especial da Presidência e era suplente de Serraglio. Quando Temer ainda era vice, era Loures quem cuidava de sua agenda.
Recentemente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que só devem responder a processos disciplinares os parlamentares que tiverem cometido crime no atual mandato. O líder do PSOL, Glauber Braga (RJ), lembrou que o parlamentar sempre esteve na articulação das matérias de interesse do governo Temer e enfatizou que a ação de Rocha Loures "não tem relação com fato pretérito". "Mais enquadrado (na jurisprudência de Maia) é impossível", comentou o líder do PSOL.
Embora o colegiado tenha em sua maioria parlamentares cujo perfil tenderia a trabalhar para evitar cassações, Braga acredita que não haverá no Parlamento ninguém disposto a fazer defesa pública de Rocha Loures. "Com exceção do (Carlos) Marun, não vejo outra pessoa fazendo essa defesa. Ele é o defensor das causas impossíveis", ironizou.
Marun ficou conhecido na Casa por sua fidelidade ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante e após o processo de perda de mandato. Nesta quinta-feira, 18, Marun foi o único deputado a fazer a defesa enfática do governo Temer no plenário da Câmara.
Braga aposta na pressão popular para fazer com que os conselheiros aprovem a cassação de Rocha Loures. "Eles podem tentar resistir, mas ali (Conselho) tem o instinto de sobrevivência porque tem a pressão popular", comentou o líder do PSOL.