Perseguidos ou condenados? Quem são os bolsonaristas que fugiram do Brasil

Perseguidos ou condenados? Quem são os bolsonaristas que fugiram do Brasil

Políticos e influenciadores da extrema-direita deixam o Brasil após condenações ou investigações, alegando perseguição e censura judicial.

Nos últimos anos, diversos nomes ligados à ala da extrema-direita, especialmente associados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixaram o país sob alegações de perseguição política.

Parte desses indivíduos enfrenta investigações, ações penais e condenações judiciais, muitas delas relacionadas aos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por manifestantes golpistas.

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Enquanto alguns alegam exílio por motivos ideológicos e políticos, outros são oficialmente considerados foragidos pela Justiça.

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Carla Zambelli

A deputada federal Carla Zambelli (PL) foi condenada por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. Zambelli foi denunciada pelo Ministério Público Federal por ter coordenado um ataque hacker ao sistema Poder Judiciário.

A ação executada pelo hacker Walter Delgatti Neto, segundo as investigações. Durante o ataque, foi emitido um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", dizia o documento falso.

Vinte dias após a condenação pelo caso, Zambelli deixou o Brasil. Ela disse que vai morar na Europa, onde possui cidadania italiana e afirmou ter escolhido o continente como destino para poder atuar pelo fortalecimento da direita nos países da região.

Em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira, 4, classificou a decisão judicial como “ilegal, inconstitucional e autoritária”, e acusou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de atuarem “como imperadores, atropelando leis”.

Zambelli também é ré por empunhar uma arma contra um homem na véspera do segundo turno da eleição presidencial de 2022. O caso remonta às eleições de 2022, quando Zambelli sacou uma arma e a apontou para um homem no cruzamento das alamedas Joaquim Eugênio de Lima e Lorena, em São Paulo, região onde Lula realizava ato de encerramento da campanha.

O julgamento por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal está pausado por um pedido de vista do ministro Nunes Marques, mas já há maioria entre os ministros do Supremo para condená-la.

Eduardo Bolsonaro

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, pediu uma licença temporária do cargo e permanecerá nos Estados Unidos, enquanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia apreender seu passaporte por acusações de conspirar a favor de seu pai.

Eduardo, de 40 anos e terceiro filho de Bolsonaro, realizou diversas viagens aos Estados Unidos para defender seu pai, denunciado por tentativa de golpe de Estado para evitar a posse Lula após as eleições de 2022.

Ele afirmou estar sendo perseguido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O deputado federal está nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro, quando viajou com sua família, mas pediu licensa do cargo e asilo político para o país no final de março.

Segundo o parlamentar, sua estadia em solo norte-americano tem o objetivo de buscar apoio internacional contra o que considera abusos cometidos pelo STF, sobretudo no contexto das investigações sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O Supremo Tribunal Federal, decidiu, no final de maio, abrir um inquérito para investigar Eduardo por suspeita de crimes de coação, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado democrático de Direito.

O pedido de abertura de investigação foi feito ao STF pelo procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, para apurar suposta atuação do parlamentar para incitar o governo dos Estados Unidos a adotar medidas contra Moraes, que foi escolhido relator do caso por também atuar no comando das ações da trama golpista e no inquérito das fake news.

Sobre a abertura do inquérito, o deputado federal afirmou à CNN Brasil: "Tudo é jogo de cartas marcadas para me tirar das eleições de 2026". Ele tem sido apontado como candidato ao Senado Federal por São Paulo.

Allan dos Santos

Fundador do canal bolsonarista Terça Livre, o blogueiro Allan dos Santos está foragido desde julho de 2020. Ele era alvo de uma investigação no âmbito do inquérito das fakenews. Durante uma live na época, Santos disse que deixou o País por questões de segurança, para poder denunciar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e um plano para derrubar o presidente Jair Bolsonaro.

Em 2021, a empresa Google entrou com pedido de perda de objeto em relação à demanda pela reativação do canal Terça Livre, ou seja, o processo por reativação do canal perdeu o sentido. O pedido da empresa veio após declarações do influenciador bolsonarista Allan dos Santos e de seu sócio de que o canal Terça Livre foi encerrado.

Segundo a Google, Santos fez afirmações falsas e distorceu fatos deliberadamente durante o processo. Em 2022, o blogueiro criou outro canal na plataforma Youtube. No mesmo ano, ele participou de um ato golpista organizado por brasileiros em Orlando, nos Estados Unidos, e atacou, novamente, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Referiu-se ao ministro como "cabeça de piroca". “Nunca obedeça a um tirano”, afirmou Allan.

Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes solicitou à Interpol a inclusão de seu nome na lista de difusão vermelha, mas o pedido foi negado. Segundo o veículo Poder360, autoridades norte-americanas consideraram insuficientes as evidências apresentadas pelo Brasil para justificar a extradição.

Allan vive nos Estados Unidos e não é considerado foragido internacional, uma vez que seu nome não consta oficialmente entre os procurados pela Interpol.

Em abril desse ano, Moraes aplicou uma nova multa de R$ 15 mil ao blogueiro por violar medidas cautelares impostas pela Corte. Mesmo foragido da Justiça e com contas bloqueadas por decisão judicial, Allan voltou a publicar conteúdos nas redes sociais, incluindo na plataforma X.

Oswaldo Eustáquio

Eustáquio e Allan dos Santos foram os principais alvos da Operação Disque 100, da Polícia Federal, instaurada contra uma "estrutura de obstrução de investigação de organizações criminosas mediante divulgação de dados protegidos e corrupção de crianças e adolescentes". 

A ofensiva apurou supostas ações dos blogueiros e de seus aliados para expor e intimidar policiais federais que atuam em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal "como forma de causar embaraço às apurações". Os dois são alvo de mandados de prisão preventiva, mas as ordens não foram cumpridas em razão de ambos viverem no exterior - Estados Unidos e Espanha, respectivamente. 

Segundo delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Eustáquio foi autorizado a entrar no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022 por temer uma possível prisão.

O STF investiga sua suposta participação em uma campanha de ataques virtuais ao delegado da Polícia Federal Fábio Shor, após o indiciamento de Jair Bolsonaro. Eustáquio é acusado de utilizar o perfil da filha menor de idade para divulgar mensagens ofensivas, imagens pessoais e ataques à honra do delegado e de sua família.

A Espanha negou o pedido do STF pela extradição do blogueiro bolsonarista, pois, segundo o país espanhol, os atos atribuídos a Eustáquio não configurariam crime no País e estariam protegidos pelo direito à liberdade de expressão.

O pedido do STF inclui uma investigação sobre a divulgação de dados do delegado da Polícia Federal (PF) Fábio Shor.

Paulo Figueiredo

O empresário e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho é neto do general João Batista Figueiredo, último presidente do Brasil no período da ditadura militar. Ele é um dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e não ofereceu resposta à acusação.

Figueiredo não apresentou defesa sobre a denúncia da trama golpista que pretendia impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva para o terceiro mandato no Palácio do Planalto.

Embora não haja mandado de prisão contra ele até o momento, sua residência nos Estados Unidos, aliada ao teor das manifestações públicas em defesa de Bolsonaro e contra o sistema judiciário brasileiro, o coloca entre os nomes frequentemente mencionados como exilados políticos da direita radical.

Em 2022, já residente dos Estados Unidos, o comentarista atuou na defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL), apoiando inclusive manifestações golpistas no Brasil e compartilhando ataques ao sistema eleitoral brasileiro.

Rodrigo Constantino

Analista político e ex-comentarista da rádio Jovem Pan, Rodrigo Constantino também reside nos Estados Unidos. Em junho de 2025, teve seu perfil no X bloqueado por decisão judicial que tramita em segredo de Justiça. Constantino afirmou ser alvo de censura e comparou a situação política do Brasil à de regimes autoritários.

Apesar de não haver até o momento qualquer mandado judicial contra ele, sua atuação nas redes sociais, em defesa de teses antidemocráticas e em apoio a teorias de fraude eleitoral, faz com que seja visto como uma figura central entre os autoproclamados exilados políticos.

Em 2020, o Grupo Jovem Pan demitiu o colunista após ele opinar sobre o caso Mariana Ferrer. Ele disse que se tivesse acontecido com sua filha a mesma situação que ocorreu com a blogueira catarinense, ele não denunciaria o agressor para a Polícia e a deixaria de castigo.

Monark

Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, influenciador digital e ex-apresentador do podcast Flow, deixou o Brasil em 2023, alegando perseguição judicial. Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, afirmou ser vítima de censura por parte do Judiciário brasileiro.

Segundo Monark, sua decisão de se mudar para os Estados Unidos visava garantir sua segurança e manter a liberdade de expressão. “Sou um perseguido político. O Brasil virou uma ditadura do Judiciário, não existe mais lei. Vim para um país onde ainda posso falar livremente”, declarou.

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