Bolsonaro faz alerta após morte de Jéssica Canedo: "Não caiam na narrativa da esquerda"
Desde a tragédia, o debate sobre a responsabilidade dos perfis de fofoca que divulgam fatos inverídicos e os danos causados pelas fake news na vida das pessoas tomou conta das redes sociais
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou suas redes sociais para se manifestar acerca da morte da jovem Jéssica Canedo, vítima de informações falsas publicadas por páginas de fofoca, como o perfil da Choquei no Instagram.
“Não caiam na narrativa da esquerda! Já existem tipificações penais como calúnia, injúria, difamação e outras piores quando levam à morte”, escreveu Bolsonaro em sua conta oficial do Instagram nesta segunda-feira, 25. Como pano de fundo da crítica, o movimento que ganhou força pela regulação das redes sociais, responsabilizando-as pela divulgação de fake news.
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Nos stories, o ex-mandatário inseriu a foto de Júnior Silva, um dos responsáveis pela Choquei, sendo beijado na testa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na legenda da imagem consta a seguinte frase:
“Se fosse um bolsonarista o título seria ‘fake news bolsonarista mata adolescente’. Estou esperando pedirem o banimento da Choquei, as 48h para se explicar ou o mandado de prisão. Mas os amigos do rei podem tudo, até homicídio culposo”.
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A jovem mencionada é Jéssica Canedo, de 22 anos, que cometeu suicídio após ser alvo de informações falsas de que estaria se relacionando com o humorista Whinderson Nunes. As informações foram compartilhadas pela Choquei.
Desde a tragédia, o debate sobre a responsabilidade dos perfis de fofoca que divulgam fatos inverídicos e os danos causados pelas fake news na vida das pessoas tomou conta das redes sociais. A temática levou até ministros do Governo Federal a se pronunciarem sobre o ocorrido, como foi o caso de Silvio Almeida, responsável pela pasta de Direitos Humanos.
"A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na politica institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável", disse em texto.
"Por isso, volto ao ponto: a regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento", completou ainda. A deputada federal Luizianne Lins (PT) foi na mesma linha, defendendo a aprovação do projeto de lei 2.630/2020, que regulamenta o combate às fake news no Brasil, o que é considerado censura por parte da direita brasileira.
O PL tenta ampliar a responsabilização de plataformas de redes sociais e seus usuários sobre a disseminação de informações falsas pela Internet. Aprovada no Senado, a matéria ainda aguarda votação na Câmara dos Deputados. “O Brasil assiste perplexo a gravidade da falta regulação mínima na Internet. É preciso que haja responsabilização pela morte da jovem vítima de fake news, que teve vida, sonhos e projetos interrompidos. Aprovar o #PL2630 é urgente para proteger a vida e a liberdade das pessoas. Nossa solidariedade aos familiares”, diz Luizianne Lins.
"Com apoio e pressão das big techs que lucram com discursos de ódio e fake news, parlamentares bolsonaristas impediram que o projeto de lei 2630, que prevê a regulação das redes sociais, avançasse no Congresso este ano. Agora, temos o exemplo mais trágico desta desregulação: uma jovem de 22 anos tirou a própria vida após ser alvo de mentiras maldosas, repercutidas ampla e irresponsavelmente nas redes. Isto não pode mais continuar", afirmou também Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Relação de criadores da Choquei com Lula
Raphael Sousa, fotógrafo e um dos proprietários da página de fofocas Choquei, aproximou-se da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, antes mesmo da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época das eleições presidenciais, o perfil publicou uma série de postagens para favorecer Lula no segundo turno.

Uma reportagem publicada pela Revista Piauí mostrou que a página dividiu sua equipe, composta por seis pessoas, para produzir cerca de dez conteúdos sobre política por hora, durante o segundo turno da disputa. Às 13h25min do dia da votação, a Choquei publicou no X, antigo Twitter, que “Lula ganha o segundo turno na República Tcheca por 286 votos, contra 73 de Bolsonaro”.
Em linhas gerais, as postagens sobre o petista foram positivas, enquanto o adversário era rechaçado. Janja chegou a convidar Raphael Sousa para subir no automóvel de som na Avenida Paulista para acompanhar o discurso da vitória de Lula, no entanto, o influenciador não compareceu em virtude de um compromisso fora da cidade paulista.
Outro integrante da página, Júnior Silva, faz parte do grupo Influenciadores pela Democracia do governo Lula. O deputado federal André Janones (Avante-MG), coordenador digital da campanha eleitoral de Lula em 2022, revelou que a gestão tem a Choquei para “lidar” com o “bolsonarismo”.
“Gente, vou mostrar como lida com o bolsonarismo’, escreveu Janones em 9 de outubro de 2022, no X. “Querem ver como vou rebater essa história do vibrador? Querem ver como vou plantar isso para o povão? Vou me vingar e vocês anotem. Anotem para aprender. Nós temos Choquei. O povão ama essas páginas de fofoca”, completou.
Ministros de Lula pedem regulação das redes sociais
Ministros do governo federal defenderam a regulação das redes sociais para combater a disseminação de notícias falsas, após a morte de uma jovem de 22 anos. As declarações foram dadas neste sábado, 23, pelo ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, e pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Na sexta-feira, 22, Jéssica Canedo, moradora do município de Araguari, em Minas Gerais, foi encontrada morta. Jéssica passou a ser alvo de ataques virtuais nas redes sociais após o perfil de notícias de celebridades Choquei divulgar que a jovem teria um relacionamento amoroso com o humorista Whindersson Nunes.
O suposto relacionamento foi negado pelo artista e pela jovem, mas a desinformação não foi retirada das plataformas. Segundo a família, ela sofria de depressão.
Em postagem nas redes sociais, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio de Almeida, declarou que a regulação das redes sociais é um "imperativo civilizatório".
"A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável", escreveu.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou que a morte de Jéssica foi causada pela "irresponsabilidade" de perfis que lucram com a misoginia e a disseminação de mentiras.
"É inadmissível que o conteúdo mentiroso contra Jéssica, que fez crescer uma campanha de difamação contra a jovem, não tenha sido retirado do ar nem pelo dono da página nem pela plataforma X ao longo de quase uma semana, mesmo depois dos apelos da própria Jéssica e de sua mãe", completou a ministra.
Em nota, o perfil Choquei afirmou que não houve "qualquer irregularidade" nas informações publicadas e que as postagens foram feitas com os "dados disponíveis no momento".
"O perfil Choquei, por meio de sua assessoria jurídica, vem esclarecer aos seus seguidores e amigos que não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas por esse perfil. Cumpre esclarecer que não há responsabilidade a ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular das atividades propostas", declarou.
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