Líder do governo recebe como "provocação" proposta de Guedes para revelar padrinhos políticos 

Parlamentares avaliam a iniciativa como mais uma tentativa de interferência do ministro na relação do governo com o Legislativo.

Líderes da Câmara e Senado manifestaram incômodo com o pedido formal feito pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, à Controladoria-Geral da União (CGU) para que as indicações feitas por políticos para cargos públicos sejam reveladas por meio do Portal da Transparência. Parlamentares avaliam a iniciativa mais uma tentativa de interferência do ministro na relação do governo com o Legislativo.

A solicitação foi feita por Guedes no fim de novembro, durante reunião do Comitê Interministerial de Combate à Corrupção (CICC). A CGU informou que o pedido segue em análise e que a medida será incluída no plano anticorrupção.

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No fim do ano passado, Guedes havia defendido a divulgação das indicações políticas para cargos públicos. A ideia é que, caso o servidor público cometa desvios, fique claro à sociedade quem são os responsáveis por sua indicação, seja em ministérios, seja em outros órgãos da administração pública.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), recebeu o pedido como uma provocação do ministro ao Congresso. O parlamentar classificou a ideia como inviável. "Não vai prosperar e, não prosperando, foi uma provocação desnecessária", disse.

O deputado disse ainda não haver previsão legal para implantar esse tipo de controle sobre as indicações.  "Até poderia ser uma iniciativa do governo, mas não há apoiamento do governo. É uma coisa só do Paulo Guedes", acrescentou, reforçando que o ministro da Economia estaria isolado.

No Congresso, segundo O Globo, a medida foi tratada como algo “fora do radar” e de forma irônica por parlamentares. Parlamentares pedem que Guedes resolva questões apenas da área econômica, em especial a crise dos combustíveis. “Cada um no seu quadrado”, disse um deles.

À reportagem, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (sem partido-AM), criticou o governo: "Eu acho isso ótimo. Não sei o que acha é a base do governo". O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), negou ter preocupação com o caso. Ele defende que, caso tenha o intuito de intimidar congressistas que têm apadrinhados na administração federal, a ação será falha. 

"Não tenho problema com transparência. Se isso soa como intimidação, para mim, zero. Zero. Com alguns eu acho que não funcionará, comigo por exemplo não funcionará", disse Braga. Um dos boatos é de que Guedes poderia estar querendo expor partidos que podem se opor ao governo.

A estratégia é vista como arriscada, pois ela pode conflitar com aliados do Planalto durante ano eleitoral. PP, PL e Republicanos, três principais partidos do Centrão, comandam ao menos 32 postos-chave na administração federal, apontou levantamento do O Globo. Os indicados para essas funções fazem com que aliados do presidente tenham sob sua gestão mais de R$ 149,6 bilhões em recursos públicos.

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