Em culto com Malafaia, Mendonça passa imagem messiânica sobre sua aprovação para o STF

"Imagina se Cristo desistisse da cruz? Não ia ter cristianismo", disse André Mendonça sobre sua aprovação para o Supremo

O indicado do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, recém aprovado para o cargo após sabatina no Senado, foi a um culto na companhia do pastor Silas Malafaia, onde discursou conferindo tons de “via-crúcis” e “calvário” a seu percurso até a aprovação. O futuro ministro da Corte deu ares messiânicos à sua conquista, alcançada após forte lobby de apoiadores evangélicos. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

A celebração, que estava sendo chamada de “Culto da Vitória”, aconteceu na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, de Malafaia. Ao subir ao púlpito, Mendonça, convidado especial, chamou sua chegada ao STF de “uma grande vitória que Deus nos preparou”.

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Durante sua pregação, já que foi anunciado como “pastor André Mendonça”, dispensando o título jurídico, o ex-ministro da Justiça afirmou estar preparado para assumir o cargo indicado pelo ex-capitão. "O militar está preparado pra guerra. Agora, nós estamos preparados pra cruz. Quem tem medo da derrota não é digno da vitória".

Mendonça também destacou que, ao ser questionado sobre como manteve a serenidade diante do longo processo até sua sabatina, que foi atrasada por meses, ele respondeu: “o crente cristão é aquele que tem fé, fé e a certeza do que você ainda não vê".

As falas foram reiteradas por outras autoridades que também discursaram na congregação. O senador Romário (PL-RJ) e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), classificaram a conquista do presbiteriano como “plano de Deus”.


Castro chegou a sugerir trocar o termo “terrivelmente evangélico”, dado por Bolsonaro, por “maravilhosamente evangélico”. O governador alegou, em tom de brincadeira, que a alcunha do presidente dada a Mendonça poderia ter sido um dos fatores que tornou mais difícil a vida do jurista. O “terrivelmente” pode ter agradado os pastores, mas causou irritação entre opositores, segundo Castro.

O maior impedimento, contudo, não veio da ala progressista, mas sim do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que barrou o agendamento da sabatina de Mendonça. O processo só veio a acontecer quase cinco meses depois de sua indicação, no início de dezembro. Após a aprovação no Senado com placar de 47 favoráveis e 32 contrários, o ex-ministro da Justiça teve o menor número de votos de senadores para uma vaga no STF. Eram necessários 41 votos no plenário.

Ainda sobre o percurso de “provações” pelo qual André Mendonça passou, e que deve culminar na sua posse, agendada para o próximo dia 16, Cláudio Castro perguntou ao futuro ministro da mais alta Corte do país se ele tinha pensado em desistir: "Você vai desistir já? Não crê que sou o Deus do impossível?". O indicado do presidente respondeu: "Imagina se Cristo desistisse da cruz? Não ia ter cristianismo”, endossando uma visão messiânica de sua chegada ao STF.

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