Indicado para embaixada de Portugal, ministro do TCU adia julgamento do cartão corporativo de Bolsonaro

Carreiro é o relator da auditoria que, a pedido da Câmara dos Deputados, investigou os gastos de R$ 14,8 milhões da família presidencial com cartão corporativo em 2019

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Raimundo Carreiro decidiu, nesta quarta-feira, 1º de dezembro, adiar o julgamento dos gastos milionários com cartão corporativo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus familiares. Indicado pelo mandatário para assumir a embaixada do Brasil em Portugal, Carreiro é o relator da auditoria que, a pedido da Câmara dos Deputados, investigou os gastos de R$ 14,8 milhões da família presidencial com cartão corporativo em 2019.

Quando foi indicado relator do processo, Carreiro foi criticado por ser próximo de Bolsonaro (PL). Durante o evento de abertura do leilão do 5G, do qual Carreiro foi relator no TCU, o presidente chegou a dizer: “Não tem quem não seja apaixonado pelo Carreiro, não tem (…) Amigo de todo mundo”.

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O caso chegou a ser incluído na pauta pelo ministro, mas foi retirado da ordem do dia na manhã desta quarta-feira, sem qualquer justificativa. A matéria que seria analisada em sessão sigilosa na tarde de ontem foi “excluída da pauta” por determinação de Carreiro, diz a pauta do Tribunal.

Segundo O Globo, nos bastidores, os ministros da Corte tratam a questão como uma forma de preservar Carreiro nos dias que antecedem sua oficialização para assumir a embaixada. De acordo com o jornal, o ministro é alvo de um pedido de suspeição do caso protocolado pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), que alegou parcialidade de Carreiro na relatoria após seu nome ser indicado para a embaixada.

Vaz é integrante da Comissão de Fiscalização de Controle da Câmara dos Deputados e foi quem apresentou o pedido de fiscalização dos gastos do presidente, aprovado por unanimidade pelos seus pares em maio deste ano.

O ministro Bruno Dantas, responsável pela relatoria da suspeição, teve que pautar o pedido de impedimento apresentado por Vaz antes que Carreiro apresentasse seu voto para apreciação do plenário. Segundo ministros ouvidos pelo O Globo, a simples votação do pedido de suspeição, antes do julgamento, poderia provocar constrangimento a Carreiro, que está prestes a deixar a corte. 

A auditoria foi feita pela equipe técnica do TCU e analisou os gastos, ao longo de 2019, de mais de R$ 14,8 milhões de Bolsonaro e seus familiares. O relatório conta com mais de 80 páginas e encontra-se em situação de sigilo com o ministro Carreiro. Nem mesmo os parlamentares da Comissão e Fiscalização da Câmara, que solicitaram a auditoria, têm acesso aos autos ou ao relatório.

 

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