Campanha sobre a cédula de R$ 200 custou mais que propagandas para divulgar a prevenção contra Covid

Mesmo com o alto investimento do governo, segundo o Sistema de Administração do Meio Circulante, a cédula só representa 1,11% das notas em circulação no País, ficando atrás da cédula de R$ 1 real que não é mais produzida.

A Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do governo Jair Bolsonaro (sem partido) gastou mais com a divulgação da nova cédula de R$ 200, nos dois anos de pandemia de coronavírus, do que com propagandas para reforçar a prevenção contra a Covid-19. As informações são do jornal O Globo.

De acordo com levantamentos do jornal, o governo gastou R$ 18,8 milhões com as campanhas da nota de R$ 200. Foi o sexto principal investimento entre os anos de 2020 e 2021. Quanto à publicidade para itens de prevenção ao coronavírus, como álcool em gel e o uso de máscaras, os custos foram de R$ 14,4 milhões.

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Após um ano de lançamento, a cédula só representa 1,11% das notas em circulação no país, ficando atrás, inclusive, de cédulas de R$ 1, que não são mais produzidas. Todo esse investimento em publicidade - que só ficou atrás de propagandas de agenda positiva, economia de água, combate ao Aedes aegypti e da própria campanha de vacinação - também não surtiram o efeito esperado por conta da popularização de transações digitais, como o PIX, explicam especialistas.

Medidas preventivas x cuidado precoce

Os gastos da Secom com publicidade relativa ao “cuidado precoce”, que, segundo a pasta, seria para incentivar a busca por médicos antes do agravamento da doença, estão também à frente dos custos com a divulgação de medidas preventivas. As propagandas com “cuidado precoce” foram o nono maior gasto do governo entre 2020 e 2021, para onde foram R$ 18,5 milhões neste período.

Bolsonaro usava o termo “tratamento precoce” para se referir e fazer apologia ao uso de medicamentos sem eficiência comprovada, como cloroquina e ivermectina. A Secom, por meio de publicidade com “cuidado precoce”, investiu na contratação de influenciadores digitais para divulgarem mensagens orientando a solicitação de “atendimento precoce”, em casos de sintomas.

Outros Gastos

Sob o título “Brasil no exterior”, os financiamentos da Secom com publicidade sobre o governo em países estrangeiros foi o terceiro maior gasto da pasta, somando R$ 27,9 milhões. De acordo com a secretaria, a justificativa é o fato do Brasil estar enfrentando um momento de “posicionamento e imagem de marca prejudicada no exterior”.

As propagandas contaram com veiculação de campanhas em telões no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York, com frases como “The world needs to know Brazil by Brasil" (“O mundo precisa conhecer o Brasil pelo Brasil”). Houve também financiamento para cartazes em bancas de jornais em Nova York e pontos de ônibus de Londres.

O ranking de gastos da Secom aponta também quais as principais prioridades para o governo, como por exemplo, o foco em melhorar a própria imagem.

Gastos da Secom com propaganda:

  • Agenda positiva: R$ 39,3 milhões
  • Uso consciente de água e energia: R$ 37,2 milhões
  • Brasil no exterior: R$ 27,9 milhões
  • Combate ao mosquito Aedes aegypti: R$ 24 milhões
  • Vacinação contra o coronavírus: R$ 19,6 milhões
  • Lançamento da cédula de R$ 200: R$ 18,7 milhões
  • Cuidado precoce com a Covid-19: R$ 18,5 milhões
  • Semana Brasil 2020 e 2021: R$ 14,6 milhões
  • Prevenção da Covid-19: R$ 14,6 milhões
  • Enfrentamento da Violência contra a mulher: R$ 10, 6 milhões
  • Semana Nacional do Trânsito: R$ 9 milhões
  • Pátria Voluntária: R$ 8,8 milhões
  • Nova previdência: R$ 8,8 milhões
  • Posicionamentos do Governo Federal: R$ 7,4 milhões
  • Campanha Wi-Fi Brasil: R$ 7 milhões

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Secom Comunicação Governo Bolsonaro Cédula de 200 Covid-19

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