Opositores criticam nota presidencial; bolsonaristas tentam amenizar

Para a oposição, a nota não diminui os impactos das ações antidemocráticas do presidente. Para a bancada bolsonarista, a tentativa foi de amenizar a confusão percebida pelos apoiadores do presidente, que esperavam ações mais contundentes contra o STF após irem às ruas no dia 7 de setembro

Lideranças e parlamentares cearenses repercutiram a nota de divulgada nesta quinta-feira, 9, pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito da crise institucional entre os poderes da República. Em posição de recuo, o mandatário afirma que não teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos poderes” e justifica que suas palavras “por vezes contundentes, decorreram do calor do momento”.

Para a oposição, a nota não diminui os impactos das ações antidemocráticas do presidente, endossadas nas manifestações pró-governo no 7 de setembro, ocasião onde o mandatário aumentou suas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, diretamente, ao ministro Alexandre de Moraes.

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Nas redes sociais, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), desejou que o gesto do presidente “se transforme em ações práticas de respeito à democracia e às instituições”. “Ninguém neste país está acima da lei e da Constituição. Ninguém”, disse o petista.

A divulgação do texto nada muda, defende o deputado federal José Guimarães (PT). “Já virou moda o Bolsonaro fazer essa arruaça e incentivar os atos de vandalismo e de conteúdo fascista e depois pedir desculpas. É um governo omisso, incompetente e que só sabe fazer arruaça com seus bolsonaristas por aí afora atacando a democracia e as instituições. Mea-culpa não vale. O governo Bolsonaro acabou”, disse o vice-líder da minoria da Câmara dos Deputados.

Para o deputado federal Idilvan Alencar (PDT), o documento divulgado representa “mais uma demonstração de covardia”. “É uma pessoa que se utiliza da influência que tem em uma parte numa legião de seguidores, que é significativo, mas não é a maioria do povo brasileiro. Na frente deles ele ruge, quando ele sai ele mia bem baixinho. Lógico, aconselhado pelo Temer a gente vê que os dois se merecem”, observa.

“Por isso que cada vez mais é necessário a união de todas as forças para tirar esse despreparado, desqualificado e covarde da presidência”, completou o parlamentar, ativo na articulação das manifestações marcadas em Fortaleza contra o Bolsonaro no próximo domingo, 12.

Para o ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) a atitude “é a rendição mais ridícula e humilhante de um presidente em toda história mundial e a prova de que ele não tem mais autoridade política nem moral de governar o país”.

Para a bancada bolsonarista do Ceará, a tentativa foi de amenizar a confusão percebida pelos apoiadores do presidente, que esperavam ações mais contundentes contra o STF após irem às ruas no dia 7 de setembro. Nas redes sociais, o vereador Camelo Neto (Republicanos) divulgou uma nota chamada “Não podemos desanimar”, onde buscou traçar um recado de “ânimo e esperança” aos seguidores.

“À militância, principalmente aos que foram às ruas no dia 07/09, gostaria de passar uma mensagem de ânimo e esperança. Peço a vocês, aos que confiam em mim, para confiarmos juntos no presidente! Ninguém é imune a críticas, mas não podemos nos precipitar”, disse Carmelo. Diante do racha entre a própria ala bolsonarista, o vereador disse que os “abusos” de Moraes “em hipótese alguma serão menosprezados” e que o Brasil passa por um “aperfeiçoamento institucional”.

No Twitter, o deputado bolsonarista André Fernandes (Republicanos) usou uma frase do general, estrategista e filósofo chinês Sun Tzu para tentar justificar o tom conciliador da nota presidencial. “Um chefe que é capaz deve fingir ser incapaz; se está pronto, deve fingir-se despreparado; se estiver perto do inimigo, deve parecer estar longe. Sun Tzu, a arte da guerra”, escreveu o parlamentar.

A reportagem tentou contato com outras lideranças pró-governo no Ceará, inclusive que estiveram nos atos em defesa do presidente no 7 de setembro, entre elas a vereadora Priscila Costa (PSC), o deputado federal Capitão Wagner e o deputado estadual Delegado Cavalcante (PTB). Porém, não houve retorno dos parlamentares.

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