MP recua em recomendação sobre presença de militares em ato no 7 de setembro
Ao reeditar sua recomendação, o promotor retirou ainda a orientação para instauração de procedimentos administrativos contra envolvidos na manifestação tão logo fossem identificados.O Ministério Público Militar do Ceará, por meio do promotor Sebastião Brasilino de Freitas Filho, alterou alguns trechos da recomendação dirigida aos comandantes-gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado na última quarta-feira, 25. No texto, o órgão retirou a orientação de "prevenir, perquirir e, se for o caso, fazer cessar, inclusive por meio da força" ato promovidos ou integrados por militares estaduais no dia 7 de setembro.
Ao reeditar sua recomendação, o promotor retirou ainda a orientação para instauração de procedimentos administrativos contra envolvidos na manifestação tão logo fossem identificados. A decisão foi entendida pela Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece) como um recuo da decisão anterior. Em nota, a instituição parabeniza o MP pela mudança de posicionamento.
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Assine"Importante deixar claro que seguindo as regras os militares estaduais têm o direito de participar de datas importantes e comemorativas para a nação", afirma o texto da Aspramece. O posicionamento da associação acontece em meio a apreensão entre governadores da possível adesão de policiais e bombeiros militares aos atos previstos para o 7 de setembro em apoio a Jair Bolsonaro (sem partido).
No antigo texto, o MP pedia para que os comandantes-gerais:
"Adotassem todas as medidas que lhes são ofertadas pela legislação vigente para prevenir, perquirir, e se for o caso, fazer cessar, inclusive por meio da força, qualquer forma de atos/manifestações promovidas e/ou integradas por militares estaduais em atividade, de serviço ou não, inclusive utilizando-se dos meios
dispostos pelo estado do Ceará para a consecução do serviço ostensivo, no contexto de atos alusivos à manifestações político-partidários de qualquer natureza".
Agora, o documento pede apenas que os comandos "não descumpram os seus deveres militares perante a Constituição da República, as leis penais militares, ou não, vedando-lhes o envolvimento de caráter político-partidário". Como outra ação de recuo, também foi recomendado a ida dos militares aos atos, porém, sem uso de fardamento militar e armamento.
Segundo Brasilino, o uso da palavra "força" no último documento "causou incerteza à tropa e a população civil, inclusive em algumas interpretações, totalmente afastadas do sentido original do ali recomendado". Segundo ele, a nota da Aspramece foi "totalmente leviana" e um "desserviço a tropa".
O promotor defendeu que o teor da mensagem é o mesmo do anterior e reforçou que militar "não pode fazer manifestação político partidária".
"A recomendação é similar à feita pelo MP Federal. A nota foi totalmente leviana em dizer que o Ministério Público voltou atrás. O militar não pode participar de manifestação. Pode participar do festejo. Eu modifiquei as palavras, mas a mensagem é a mesma. Substituí para não haver má interpretação. Eu não proíbo e nem permito aos militares, apenas aviso que não faça isso", disse.
O promotor afirma que o uso de algumas palavras gerou polêmicas. "O uso de força é dar voz em flagrante. Eu tirei porque houve má interpretação. Voz em flagrante não é chegar e meter a chibata, disse Brasilino.
Segundo ele, a mesma recomendação foi dada durante a participação de PMs na paralisação dos motins em 2020. "Já tem 400 denunciados aqui por crime gravíssimo de 8 a 20 anos. Os caras descumpriram a recomendação que foi feita", destacou o promotor.
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