Temer considera "inconstitucional" ataques de Bolsonaro a eleições e a tribunais superiores

Peemedebista considera positiva aproximação entre Bolsonaro e centrão

O ex-presidente da república, Michel Temer (MDB), considerou “inconstitucional” as ameaças de Bolsonaro na realização das eleições de 2022 e os ataques do ex-capitão ao Superior Tribunal Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A entrevista foi concedida ao jornal O Globo.

Para Temer, Bolsonaro chegou à presidência com uma certa “onipotência”, desprezando alianças com partidos políticos, mas o cenário vem mudando, sobretudo após a nomeação de Ciro Nogueira (PP-PI) para assumir a Casa Civil. "Não existe a possibilidade de o presidente comandar tudo. Só comanda com o apoio do Congresso Nacional, e não é apenas porque o presidente queira trazer o Congresso para governar junto, mas porque a Constituição assim o determina. Ele (Bolsonaro) percebeu e começou a tentar trazer o Congresso, que é fundamental para a governabilidade”, disse o peemedebista.

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Para Temer, a aproximação entre Bolsonaro e Centrão pode beneficiá-lo durante a campanha da reeleição, em 2022. Sobre a possibilidade do surgimento de um terceiro candidato que seja competitivo nas eleições, o ex-presidente afirma que precisa ser um nome com experiência, porque não “é fácil conduzir o Brasil”.

Sobre o voto impresso, defendido por Bolsonaro, Temer disse ser uma discussão “inútil”: "O voto eletrônico no Brasil serviu de exemplo para outros países. Tecnicamente, não conheço essa questão, mas não vejo como se possa violar a urna eletrônica. Em face do sucesso que se verificou, tenho a sensação de que essa discussão não deveria ser colocada em pauta”.

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Temer também se posicionou favorável à ampliação do mandato presidencial de quatro para cinco ou seis anos, sem a possibilidade de reeleição. "A reeleição gera a ideia de que o sujeito chega à Presidência e começa a trabalhar pela reeleição. E muitos gestos que poderiam ser considerados impopulares, mas úteis para o Brasil, ele não pratica,” opinou.

O peemedebista também considera que o atual momento é a pior crise vivida pelo Brasil desde a redemocratização, em 1985. "Não há dúvida. É uma das mais preocupantes. Tivemos o impeachment da senhora presidente (Dilma Rousseff), que teve oposição, mas não chegamos a uma crise tão dramática,” afirmou.

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