Bolsonaro é citado em mensagem de celular de Dominguetti, que intermediou venda de vacinas

Em outras mensagens, o representante da Davatti detalhou como funcionaria o sistema de propina, com pagamento de 25 centavos por cada uma das 400 milhões de doses. CPI continua nessa terça-feira, ouvindo a servidora Regina Célia

A perícia do celular do cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti, apreendido pela Polícia Legislativa na última quinta-feira, 1°, revelou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi citado em uma das mensagens sobre a negociação de vacinas. As conversas, obtidas pelo Jornal Nacional, aponta que o chefe do Executivo Federal foi informado do andamento das tratativas.

“Já houve três reuniões. Na última sexta-feira com o secretário Franco e um coronel. O dono da Davati enviou o e-mail pessoalmente. Segundo informações, o próprio presidente Bolsonaro já foi informado das vacinas”, disse Dominguetti, representante da Davatti Medical Supply, em uma das mensagens.

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O homem, no entanto, não explica quem teria informado o presidente sobre a negociação, assim como não foi identificado o interlocutor com quem Dominguetti conversava. Em outras mensagens, o representante detalha como funcionaria a propina, em que ele receberia 25 centavos de dólar pela venda de cada dose. O total negociado era de 400 milhões de imunizantes.

A proposta teria sido enviada para o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. Uma análise preliminar do Tribunal de Contas da União (TCU) indica que não há provas de que o Ministério tenha tentado negociar o valor das doses e nem checar antecedentes da empresa, a Precisa Medicamentos. Além da Astrazeneca, as investigações apontam que Dominguetti também comercializava outras vacinas, como a russa Sputnik V.

Regina Célia, fiscal que autorizou a compra da Covaxin, presta depoimento nesta terça

A Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Covid-19 continuará nesta terça-feira ouvindo o depoimento da servidora Regina Célia Silva Oliveira, fiscal de contratos no Ministério da Saúde que autorizou a compra da vacina indiana Covaxin. A fatura de pagamento referente ao contrato de aquisição do imunizante teria indícios de irregularidades.

Regina Célia foi citada à CPI pela primeira vez no último dia 25, no depoimento de Luis Ricardo Miranda, que é chefe da divisão de importação no Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Ele e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), denunciaram pressões internas na pasta para liberar a aquisição da Covaxin, mesmo com os erros verificados na ordem de pagamento.

De acordo com os irmãos, Regina Célia era a fiscal do contrato com a Bharat Biotech, empresa indiana que desenvolveu a vacina. A fatura gerada para a compra trazia número menor de doses do que o combinado, determinação de pagamento antecipado e o nome de uma empresa intermediária que não constava no contrato, afirmaram os irmãos. Segundo Luis Ricardo Miranda, as duas primeiras irregularidades foram sanadas depois de identificadas, mas a fatura permaneceu em nome da empresa intermediária — a Madison Biotech, baseada em Singapura.

O deputado Luis Miranda relatou que levou o caso ao presidente Jair Bolsonaro. Segundo Miranda, Bolsonaro teria demonstrado conhecimento das pressões em favor da Covaxin e afirmado que o responsável era o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. Barros era ministro da Saúde quando Regina Célia foi nomeada, em 2018, para uma função na Secretaria de Vigilância em Saúde, onde está lotada hoje. A servidora já havia passado por outras lotações no Ministério da Saúde desde 2006.

Na terça-feira, a CPI também deve votar uma série de requerimentos pedindo a quebra de sigilos bancários, fiscais e telefônicos de pessoas ouvidas ou observadas pela CPI. Uma delas é o deputado Ricardo Barros, em função das menções ao seu nome no caso Covaxin.

Também estão na mira da quebra de sigilo o deputado Luis Miranda; o policial Luiz Paulo Domiguetti, que se apresentou como intermediador de venda de vacinas e denunciou pedidos de propina no Ministério da Saúde; e o empresário Cristiano Alberto Carvalho, CEO da Davati Medical Supply, empresa ligada a essa negociação.

Com informações da Agência Senado

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