Militares da ativa fizeram mais de 3,4 mil tuítes sobre política em dois anos

O Exército afirma que já teve de punir integrantes, mas não disse quantos casos registrou. Já a Aeronáutica revelou que já registrou 17 procedimentos para apurar "suposta transgressão" por "mau uso" de redes sociais,

Desde abril de 2018, mesmo antes do início oficial da campanha eleitoral, até abril de 2020, 115 militares da ativa escreveram 3.427 tuítes com conteúdo político-partidário. O levantamento foi feito pelo Estadão, considerando militares ligados ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas.

Segundo o levantamento, foram analisadas contas de 82 integrantes das Forças Armadas ao longo de dois anos. Entre eles, 22 oficiais-generais. No dia do primeiro turno da eleição de 2018, por exemplo, o coronel Ricardo declarou voto no atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido): “É dia de mudar o Brasil. Vote consciente. Brasil acima de tudo! Deus acima de tudo”.

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Ao Estadão, o Ministério da Defesa afirmou que Marinha, Exército e Aeronáutica têm “manuais e cartilhas que normatizam e orientam adequadamente a conduta e o uso de mídias sociais por parte dos militares”. Caso as regras sejam violadas, os militares da ativa podem ser punidas.

Por meio da Lei de Acesso à Informação, o jornal recebeu respostas das três instituições que formam as Forças Armadas. O Exército afirma que já teve de punir integrantes, mas não disse quantos casos registrou. Já a Aeronáutica revelou que já registrou 17 procedimentos para apurar “suposta transgressão por "mau uso" de redes sociais, dos quais dez praças foram punidos disciplinarmente”. Entre os casos, seis foram em 2019 e outros quatro em 2020.

A Marinha afirmou ao Estadão que, em 2019, determinou 17 punições a 17 militares pela forma como usaram as redes sociais. Em 2020, foram 20 punições. O general Edson Leal Pujol, ex-comandante do Exército, criou uma portaria em 2019 para controlar o problema das redes sociais. Ele proibiu a vinculação de contas de militares com perfis institucionais, a não ser que fossem integrantes do Alto Comando.

Segundo o jornal, dezenas de perfis de militares que costumavam fazer postagens políticas apagaram os tuítes. O Exército acredita que, atualmente, o problema está sob controle.

STF

Ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, Villas Bôas, foi um dos que expressou opiniões político-partidárias na rede social. Dias antes o julgamento do ex-presidente Lula, ele fez uma postagem no Twitter, pressionando o Supremo Tribunal Federal: “Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”.

Recentemente, com o lançamento de um livro de Villas Bôas, o ex-comandante do Exército revelou que o texto foi debatido com o Alto Comando das Forças Armadas.

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