Girão critica Renan como relator da CPI: "Tem filho governador"

Autor de requerimento que incluiu prefeitos e governadores entre investigados, senador tenta ser escolhido presidente ou relator da CPI da Covid

Tentando se viabilizar como presidente ou relator para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, o cearense Eduardo Girão (Podemos-CE) criticou neste sábado, 17, articulação que tenta levar Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria do grupo.

“Ele já julga e pré-julga o Governo Federal, e tem um filho que é governador de Estado. Por mais que exista ali uma boa vontade, é algo que não corresponde à expectativa da população brasileira”, disse Girão neste sábado, em entrevista à Rádio O POVO CBN, na estreia do programa Jornal de Amanhã.

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Correndo por fora em busca da liderança do grupo, o senador disse também rejeitar “acordão” que deve levar o senador governista Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência da CPI. Segundo o acordo, Renan ficaria como relator da comissão e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como vice-presidente.

“Não vou entrar em acordo de cartas marcadas, porque acredito que a população precisa saber toda a verdade. Tem uma expectativa enorme da população para essa CPI”.

Integrante da CPI ao lado do também cearense Tasso Jereissati (PSDB), Girão afirma que é independente para investigar o governo e que, como foi autor de um dos requerimentos pedindo a CPI, pode ter a preferência para uma das posições de destaque no grupo.

“Muitos dos que se dizem independentes a gente tem que ver se são independentes mesmo, se não estão em grupos com foco em 2022. Independente é quem não tem cargo federal, quem não recebe verba parlamentar extra, quem não vota 100% com o governo”, afirma, citando a si mesmo como exemplo das três categorias.

Com início dos trabalhos previsto para a próxima semana, a CPI da Covid foi criada por iniciativa do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que apresentou requerimento pedindo investigação de omissões do Governo Federal no tratamento da pandemia. Inicialmente, a proposta chegou a ficar “travada” no Senado, mas teve instalação determinada em decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A ideia original do grupo, no entanto, foi alterada após Girão apresentar requerimento ampliando escopo das investigações para incluir prefeitos e governadores. Por conta da perspectiva de tirar o foco do Governo Federal e ampliar número de alvos, a nova CPI acabou caindo nas graças de blocos de apoio ao Planalto, como o chamado centrão.

Eduardo Girão, no entanto, afirma que a questão não tem relação com o interesse do governo na CPI mais ampla, mas sim segue “amplo apoio popular” no caso. “Houve uma onda muito positiva na população, que cobraram seus representantes. Meu pedido deixa claro que tem que apurar as irregularidades do Governo Federal, mas também, com muita independência e Justiça, apurar os bilhões de reais que foram enviados”, diz.

"É uma covardia com o povo brasileiro, nesse momento de dor, fazer palanque político usando a CPI”, disse Girão à Rádio O POVO CBN. Questionado se a perspectiva de uma investigação maior, incluindo 26 estados que também terão eleições em 2022, não iria na verdade aumentar chances de uso eleitoral do grupo, o senador minimizou: “Ou a gente busca a verdade com responsabilidade técnica ou faz palanque político”, diz.

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