O que acham os fiéis cearenses sobre a realização de cultos religiosos durante a pandemia?
O Supremo Tribunal Federal (STF) continua a julgar nesta quinta-feira, 8, a possibilidade da abertura de igrejas durante a pandemia da Covid-19 para a realização de cultos e missas presencialmenteO Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quinta-feira, 8, o julgamento sobre liberação de celebrações religiosas presenciais, como cultos e missas, em razão da pandemia de Covid-19. Em Fortaleza, lideranças religiosas divergem sobre o tema. Todavia, sobre a questão, o que pensam os fiéis que integram as diversas religiões presentes na Capital?
A muçulmana Karine Garcês, Internacionalista e integrante do Comitê Islâmico de Solidariedades, defende que a abertura de templos desrespeita as regras de saúde pública durante a pandemia. Ela avalia que os centros religiosos tendem a não seguir as normas de isolamento social e defende que fiéis “não precisam estar no templo religioso para estar próximo de Deus”.
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“Para estar próximo de Deus, você precisa fazer boas ações, inclusive, nesse tempo da pandemia, preservar sua vida e a do próximo. Até porque quando a gente cuida da nossa saúde, da nossa proteção para manter a questão do isolamento social, ficando em ficar em casa e não saindo desnecessariamente, estamos cuidando da vida, então você está praticando a religião”, avalia.
Karine defende ainda o uso de meios tecnológicos para a manutenção da prática religiosa e critica a possibilidade de questões financeiras serem prioridades no momento . “Faz uma live, usa a internet. Com os templos fechados as doações diminuem, mas essas lideranças têm que perceber que a situação financeira dos seus fiéis está muito crítica. Então, no lugar de pensar no dízimo e na oferta que vai receber, é pensar na saúde mental e financeira das pessoas”, destaca.
A cabeleireira Liliane da Silva, catequista da Igreja São José, no Siqueira, defende uma abertura, porém, com a adoção das medidas de restrições já impostas durante as missas na Capital. "Participo sempre da missa católica. A maioria das igrejas está sempre mantendo todas as restrições. Tinha o agendamento, eles faziam a medida da temperatura da pessoa antes de entrar, todos com utilização de máscara e com distanciamento divididos entre os bancos”, lembra.
Também integrante da Pastoral da Comunicação (Pascom), setor responsável pela comunicação religiosa, Liliane avalia que o impacto psicológico imposto pela pandemia aos fiéis valida ainda mais a abertura dos centros. “Para a gente que é cristão, estar no momento com Deus é muito importante para manter nossa sanidade mental e espiritual”, diz. Nesta segunda-feira, 5, a Arquidiocese de Fortaleza recomendou que instituições religiosas mantenham as celebrações virtuais na capital.
Para a umbandista Mãe Bia, do Centro Espírita de Umbanda General de Brigada e Rainha Pombo Gira, no Vila do Mar, as medidas sanitárias devem ser obedecidas, ficando a cargo dos líderes religiosos a realização ou não dos rituais presenciais. “Todos nós temos que ter amor a nós e ao próximo. A respeito da religião e da reunião, nós sabemos que temos que ficar longe um do outro, então fica a responsabilidade de cada sacerdote”, diz.
Já segundo Derisval Silva dos Santos, também conhecido como Pai Shell, da casa Ilê Iba Áse Kpossun Aziri, no Parque Dois Irmãos, é necessário “sensibilidade para seguir a orientação da ciência”. “Nós que somos religiosos não temos o direito de colocar a vida das pessoas sob essa fragilidade. O meu posicionamento é que as pessoas fiquem em casa. Sou contra a abertura seja qual for o segmento religioso”, destaca.
É o que reforça o professor universitário Jonatan Floriano, adepto ao protestantismo. Apesar de reconhecer a importância do culto religioso presencial na pandemia, ele avalia que este não é o momento para abrir os centros. “A minha opinião, nesse momento em que estamos no Ceará e no Brasil, é que não se permita a reunião dos fiéis. Aqui no Ceará, temos igrejas com várias pessoas que podem se contaminar no mesmo dia”, diz.
Na expectativa de um momento melhor para o que ele chama de “reunião calorosa" entre os membros da Assembleia de Deus Ministério Canaã, em Caucaia, Jonatan nega a necessidade do templo físico para o culto pessoal. “Seguindo o próprio Senhor Jesus que falou dos que o adorarão em espírito e em verdade, a gente entende sim que podemos adorar a Deus em qualquer local”, afirma.
Ele lembra ainda das tecnologias e meios de comunicação disponíveis para a realização das celebrações, podendo a comunidade evangélica recorrer não somente à internet, como também à televisão e ao rádio, amplamente usadas pelas igrejas.
O Ministério Canaã afirmou que continuará com os encontros online. Na última semana, o pastor Davi Goes enfatizou que a “igreja sempre foi um serviço essencial”, mas não mencionou um possível retorno aos cultos presenciais. Outras igrejas evangélicas divergem sobre o assunto.
A Igreja Universal do Reino de Deus comemorou a decisão do ministro Nunes Marques que no último sábado, 3, e permitiu a retomada dos cultos em igrejas. No Instagram nacional da denominação, a instituição anunciou: “Voltamos com os cultos presenciais já a partir deste domingo 4 de abril em todo o Brasil, por decisão do STF.”
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