Bolsonaro associa HIV a pessoas de "comportamentos sexuais diferenciados"

Presidente citou ainda adesão ao coquetel antiaids por pacientes no final dos anos 1980 para defender tratamento precoce da Covid. Segundo ele, o tratamento antirretroviral começou a ser aplicado sem eficácia comprovada

Durante passagem por Chapecó (SC) nesta quarta, 7, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o tratamento precoce contra a Covid-19 e fez relação da doença ao vírus do HIV. Ao citar o último, ele fez associação direta a uma “classe específica que tinha comportamentos sexuais diferenciados”, referindo-se a pessoas homossexuais.

No discurso, Bolsonaro falou ainda da terapia antirretroviral de tratamento do HIV para defender o tratamento da Covid com medicamentos que não têm eficácia científica comprovada. “Eu acredito na ciência, mas a ciência por vezes demora. Naquela época, o que foi usado para combater o HIV? O coquetel do AZT. Era cientificamente comprovado? Não. Se não tivéssemos usado, não chegaríamos no futuro ao coquetel”, argumentou.

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Para defender a sua tese, Bolsonaro também citou como exemplo a África , lugar onde, segundo ele, “não existe nada, existe ivermectina”. “Por que essa campanha mundial contra o tratamento imediato?”, questionou.

O presidente reforçou ainda a autonomia de médicos na prescrição de medicamentos para funções não previstas na bula, desde que estes considerem importante para o tratamento de determinada doença. “Se o paciente está com a doença e não tem o remédio específico comprovado cientificamente, tem que buscar uma alternativa. Não sei como salvar vidas, não sou médico, não sou enfermeiro, mas tem que buscar uma alternativa para isso”, disse.

Crítico ao isolamento social, ele aproveitou o momento para rebater as medidas que o colocam em constante embate com governadores que as assumem. Ainda assim, Bolsonaro afirmou: “o nosso inimigo é o vírus, não é o presidente, governadores e prefeito. Dá para sairmos dessa”.

“Acho que sou o único líder mundial que apanha isoladamente. O mais fácil é ficar do lado da massa, da grande maioria. Se evita problemas, não é acusado de genocida, não sofre ataques por parte de gente que pensa diferente”, disse ainda.

A despeito de sua fala, Bolsonaro mobiliza ainda grande rede de apoio por sua posição contrária ao lockdown. A medida emergencial para conter a disseminação do vírus tem um impacto econômico negativo, que coloca gestores em posição delicada perante a opinião pública. Os governadores de São Paulo e do Ceará, João Dória (PSDB) e Camilo Santana (PT), além do prefeito de Araraquara, já foram vítimas de ameaças de morte após decretarem o isolamento social rígido.

 

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