Paula Vieira: Lula, eleições e o Ceará

O Ministro do STF Edson Fachin invalidou a sentença dada por Moro ao Lula por considerar que a 13ª Vara de Curitiba não tinha competência para o julgamento. Com essa decisão, Lula recuperou seus direitos políticos. A expectativa de uma candidatura de Lula e sua possível competitividade eleitoral existe desde 2018. E é sobre esse cenário e seus possíveis impactos no Ceará que busco escrever.

Começo considerando o desejo de possíveis eleitores de centro e esquerda com a formação de uma frente ampla contra apoiadores de Bolsonaro nas eleições municipais de 2020. O argumento para um apoio a candidaturas de centro se sustentava no desgaste do PT decorrente da Lava-jato e da existência do antipetismo. Cabe a ressalva que, embora exista uma rejeição ao PT e suas lideranças, o antipetismo também tem nuances de rejeição a política e ao sistema político brasileiro.

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Para perceber essas nuances, basta atentarmos para o percentual de abstenções nas últimas eleições. O desejo de formação de uma frente ampla desconsidera três fatores importantes: 1) competitividade de regimes democráticos, principalmente em primeiro turno; 2) partidos lançam candidatos acreditando em chance de vitória e; 3) expectativa de preencher o vazio eleitoral deixado pelos petistas.

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Na disputa política eleitoral, revelar o nome dos possíveis candidatos com antecedência de dois anos não é a melhor estratégia. Ganha-se mais com as especulações e estimativas de apoio. Ademais, os conflitos de lideranças intrapartidários e extrapartidários também são impedimentos para que desde logo a decisão seja tomada (com exceção de casos de reeleições).

Retomo essa análise por considerar que o cálculo de possíveis cenários tem início nas eleições locais pela mobilização de eleitores nas diferentes localidades. Nesse ponto, estou considerando, também, o apoio ao Lula no Nordeste, mais especificamente no Ceará, e os possíveis cenários nas correlações de forças políticas existentes no estado.

Aliados do grupo político da família Ferreira Gomes tem sido os principais nomes eleitos para os executivos da capital e do governo do estado e com amplo apoio do legislativo estadual. O governador Camilo Santana, petista, possui aproximação com o grupo e não poderá disputar reeleição em 2022. Nesse cenário, a questão que já se apresentava era se o grupo conseguiria se sobrepor ao partido do governador que, por sua vez, apoiaria nos bastidores o nome indicado pelos Ferreira Gomes.

Com essas considerações feitas, proponho uma análise do cenário. Ciro Gomes se propõe candidato à presidência. Imaginemos Lula também candidato. De imediato, a possível formação de aliança entre os dois parece improvável pelas constantes provocações de Ciro ao PT e suas lideranças.

No Ceará, Camilo Santana está, até então, com boa aprovação. Com Lula candidato, o PT buscará retomar sua força no jogo político por meio do capital político do ex-presidente e, ainda, acrescentar a gestão do atual governador como parte desse capital. Possivelmente, assistiremos uma disputa interna do Partido dos Trabalhadores na construção da estratégia eleitoral.

Ouso indicar alguns pontos dessa disputa: novas lideranças competitivas, trazer a sigla para a competitividade legislativa, mobilização de bases sociais e eleitorais. O Ceará, assim como o Nordeste, se apresenta para o PT como ponto de partida para reformulação de estratégias de retorno para instituições políticas e o alcance do conflito entre Ciro Gomes e Partido dos Trabalhadores torna-se substancial.

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