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Trump aceitará indicação republicana apontando 'caos' se Biden vencer

"Seu sonho americano estará morto" se Biden vencer em 3 de novembro, afirmou na abertura da Convenção Nacional Republicana
22:32 | Ago. 27, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

Em um Estados Unidos abalado pela pandemia do coronavírus e por tensões raciais, o presidente Donald Trump aceitará a candidatura do Partido Republicano à reeleição nesta quinta-feira, 27, alertando sobre o "caos" que significaria a chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca.

 

"Seu sonho americano estará morto" se Biden vencer em 3 de novembro, afirmou na abertura da Convenção Nacional Republicana em Charlotte, Carolina do Norte, onde foi indicado por uma maioria esmagadora na segunda-feira.

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Esta noite, às 22h30 (23h30 no horário de Brasília), ao vivo dos jardins da Casa Branca, ele se apresentará como o guardião dos valores americanos ao encerrar a convenção do partido. Os eventos foram realizados em grande parte no formato virtual, devido à pandemia, mas nunca deixaram de ser um espetáculo sobre Trump.

 

Os fogos de artifício vão encerrar a noite no coração de Washington após quatro dias em que um desfile de discípulos elogiou o presidente como um virtuoso econômico, defensor dos valores pró-vida e de Deus, firme na aplicação da lei e na rejeição ao "socialismo".

 

Protestos 


 

Porém, a segunda indicação do magnata republicano de 74 anos ocorre em meio a uma crise de saúde, econômica e social sem precedentes nos EUA. O país lamenta mais de 179 mil mortes por covid-19, o desemprego chega a 10,2%, e manifestações massivas vêm pedindo o fim do racismo e da brutalidade policial há três meses.

 

Os protestos, muitas vezes pontuados por atos de violência, abalaram desde domingo a pequena cidade de Kenosha, em Wisconsin, onde um homem negro, Jacob Blake, recebeu sete tiros nas costas disparados por um policial branco.

 

E na quarta-feira um adolescente branco, supostamente apoiador de Trump, foi preso sob suspeita de matar duas pessoas e ferir gravemente uma terceira durante confrontos em uma manifestação na noite de terça-feira.

 

Enquanto os democratas denunciaram o "racismo sistêmico" nas forças policiais, Trump prometeu "restaurar a LEI e a ORDEM". "Não vamos tolerar saques, incêndios criminosos, violência e ilegalidade nas ruas americanas", tuitou o presidente sem nunca mencionar Blake.

 

É esperado que Trump, que dias atrás se apresentou como "o único entre o sonho americano e a anarquia, a loucura e o caos total", insista nessa retórica, amplificando a mensagem que permeou o discurso do vice-presidente Mike Pence ao aceitar sua nova nomeação na quarta-feira à noite.

 

Os americanos "não estarão seguros em um Estados Unidos governado por Joe Biden", declarou Pence.

 

Democratas

 

Mas para os democratas, o país já está nas trevas. Biden, um político veterano de 77 anos que está na frente de Trump nas pesquisas de intenção de voto, prometeu superar "esta época de obscuridade nos Estados Unidos" ao aceitar sua indicação na Convenção Nacional Democrata na semana passada.

 

Biden e sua companheira de chapa, Kamala Harris, lançaram um ataque em duas frentes na quinta-feira contra Trump, acusando-o de estimular a agitação durante os protestos e de deixar de cumprir suas obrigações como presidente.

 

"Em vez de tentar acalmar as águas, ele coloca lenha na fogueira. A violência não é um problema para ele, é uma estratégia política", disse Biden em nota. "E quanto mais, melhor para ele."

 

"É sua obrigação nos proteger. E, no entanto, ele falhou", afirmou Harris. A ex-procuradora-geral da Califórnia disse que "sempre defenderá" os manifestantes pacíficos, mas não "aqueles que saqueiam e cometem atos de violência". Ela também reprovou quem faz justiça com as próprias mãos, em alusão velada ao jovem preso.

 

Os democratas também acusam Trump de negligência na gestão da pandemia. Sua fala em relação ao tema gera expectativas, já que o assunto esteve quase totalmente ausente da convenção exceto pelas palavras de compaixão de sua esposa, Melania, que reconheceu na terça-feira o impacto do "inimigo invisível" e a dor e a angústia provocadas.

 

De acordo com o site FiveThirtyEight.com, 58,2% dos americanos desaprovam a resposta de Trump à crise do coronavírus. Com essa insatisfação e atrás nas pesquisas, não será nenhuma surpresa se Trump tirar algum coelho da cartola quando falar esta noite na Casa Branca.

 

Há a expectativa de que o presidente anuncie a compra de 150 milhões de testes rápidos de covid-19 como parte de um acordo com o grupo farmacêutico Abbott por 750 milhões de dólares, contou um funcionário dos EUA à AFP.

 

Entre as estrelas previstas no evento estão dois assessores muito próximos do presidente: sua filha mais velha, Ivanka Trump, e o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani.

 

O grand finale da convenção republicana, entretanto, já gerou polêmica. Escolher a Casa Branca como pano de fundo para o discurso de Trump apaga as linhas tradicionalmente respeitadas entre as funções do presidente e as ações do candidato.

 

Os democratas chegaram a dizer que isso viola a Lei Hatch, que proíbe funcionários públicos federais de se envolverem em atividades políticas em propriedades do governo.

 

 

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