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Bolsonaro faz visita surpresa à PGR; políticos avaliam ato como pressão

Presidente assistia pela internet cerimônia de posse de procurador quando decidiu ir à sede do órgão pessoalmente

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), quebrou novamente protocolo de isolamento social na manhã desta segunda-feira, 25. Enquanto assistia, pela internet, à cerimônia de posse do subprocurador-geral da República, Carlos Alberto Vilhena, à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), o presidente "se convidou" para a sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), onde acontecia o evento.

Em determinado momento, o procurador-geral da República, Augusto Aras, perguntou se Bolsonaro gostaria de falar algo. O presidente disse, então, "se me permite a ousadia, se me convidar, eu vou agora aí", segundo ele para cumprimentar os novos membros empossados pela PGR. Aras assentiu.

Embora a cerimônia estivesse na agenda oficial de Bolsonaro, não havia previsão de que o presidente fosse em pessoa ao evento. Além de representar novo descumprimento das orientações de isolamento social do Minitério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS), o ato foi visto como maneira de demonstrar pressão e influência sobre a PGR.

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Nas redes sociais, políticos criticaram a presença de Bolsonaro. A PGR é o órgão responsável pelo inquérito em que o presidente é investigado por supostamente interferir politicamente na Polícia Federal (PF).

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL/RS) classificou o episódio como "encontro amigável" para "acertar os ponteiros" entre Bolsonaro e Aras. Também deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Bohn Gass (PT) sugeriu que o presidente estaria tentando interferir na PGR, dizendo que o encontro ocorreu em "hora suspeita".

Entre os senadores, Fabiano Contarato (Rede/ES) disse que Aras age como "advogado de defesa" por receber o presidente "no ápice de um inquérito" da PGR. Roberto Freire, presidente do Cidadania e ex-parlamentar, opinou que o objetivo do encontro foi de "pressionar e constranger a PGR".

A investigação foi instaurada devido a denúncias do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que apontou a pressão do presidente para mudar o comando da PF como motivo para deixar o cargo. Na última sexta-feira, 22, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disponibilizou vídeo de reunião ministerial ocorrida em abril deste ano, que Moro apontou como uma das provas de que Bolsonaro estaria tentando interferir na escolha do comando da PF.

Após análise do vídeo e de outras evidências, Aras deve decidir se apresenta denúncia ao STF. Está também nas mãos do chefe da PGR determinar a apreensão do celular de Bolsonaro, pedido feito por partidos políticos e encaminhado ao órgão pelo STF.

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