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"Precisamos dar um ponto final nessa história que mulher não gosta de política", diz presidente do PMB

Suêd Haidar disse que, desde o início da colinização portuguesa no Brasil, sustenta-se a ideia de que as mulheres "são capazes de cuidar de tudo", menos de comandar a política no País
22:44 | Mai. 03, 2019
Autor Israel Gomes
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Tipo Notícia

As mulheres são maioria do eleitorado brasileiro (cerca de 52%) de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2018, mas a presença feminina na política nacional é desproporcional. Em entrevista ao O POVO Online, Suêd Haidar, presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB), disse que é preciso "quebrar barreiras" que impedem uma maior participação feminina. "Precisamos dar um ponto final nessa história que mulher não gosta de política".

Das 513 cadeiras disponíveis na Câmara, apenas 77 são ocupadas por deputadas, ou seja, 15% da bancada. Apesar de pequeno, o número representa crescimento de 51% em relação a eleição de 2014. Na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), somente seis das 46 vagas são ocupadas por mulheres. O número é menor que a legislatura passada, que contava com sete. Entre os senadores em exercício, apenas 13 de 81 das vagas são femininas. Já à frente do Executivo estadual, apenas o Rio Grande do Norte elegeu uma mulher.

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De acordo com Suêd Haidar, desde o descobrimento do Brasil, foi sustentado a ideia que as mulheres "são capazes de cuidar de tudo", menos de comandar a política no País. "A política sempre foi entendida como coisa do homem e pronto, acabou. A mulher vem lutando há décadas, quebrando essas barreiras, para dizer que esse espaço também pertence a ela".

Fundado em 2008, o PMB só obteve resgistro definitivo expedido pelo TSE em 2015 e conta, atualmente, com três deputados estaduais, quatro prefeitos, 16 vice-prefeitos e 218 vereadores. Os números foram repassados pela titular do sigla no Ceará, a servidora pública Eneylandia Rabelo.

Confira a Live Política com Suêd Haidar

Suêd contou que a ideia era formar um partido só com mulheres. No entanto, a legislação brasileira não permite. A Lei 12.034, de 2009, determina que é necessário preencher cota mínima de 30%, e máximo de 70%, com candidaturas do mesmo sexo.

A presidente da sigla ressaltou que a questão financeira contribui para que a participação feminina no Congresso Nacional seja pequena. "A mulher do campo, que está comprometida com a causa, não tem condições, às vezes, de pegar uma condução, um ônibus para pedir voto", conta.

Sobre as suspeitas de utilização de mulheres em candidaturas laranjas, na tentativa de "driblar" a cota eleitoral, Suêd disse que somente uma ação poderia resolver: o fim do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos. "Aqui dentro do partido sempre discutimos isso", disse a titular do PMB, acrescentando que quando tiver um mandato apresentará um Projeto de Lei pedindo o final do benefício. "Quando acabar com o Fundo Partidário, disputaremos eleições de igual para igual, homem e mulher, branco e preto”, concluiu.

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