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Delator afirma que Moreira Franco ajudou a elaborar meios de receber propina

O coronel João Batista Lima Filho, amigo pessoal de Temer, e Moreira Franco teriam informado ao delator a necessidade de contribuição eleitoral
23:50 | Mar. 21, 2019
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Em delação à Polícia Federal, José Antunes Sobrinho, da Engevix, afirmou que o ex-ministro Moreira Franco ajudou a pensar em uma maneira de viabilizar repasses ilícitos para o MDB na campanha eleitoral de 2014. Segundo o jornal Folha de São Paulo, a delação de Sobrinho aponta que a Engevix mandou R$ 1 milhão para o partido de Michel Temer naquele ano.

O coronel João Batista Lima Filho, amigo pessoal de Temer, e Moreira Franco teriam informado a ele a necessidade de contribuição eleitoral. Sobrinho afirmou que duas ideias foram formuladas para dar viabilidade ao repasse do dinheiro, que os investigadores classificaram como propina.

O delator disse ter pensado em dois projetos que poderiam justificar dentro da empresa a necessidade de tal investimento. Ambos envolviam contratos com o poder público e licitações que tiveram início, mas não terminaram.

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“Nessa situação, eu desenvolvi uma ideia, que o Lima era bastante ciente, e ele foi acompanhando. Eu disse: olha, Lima, desses contratos que temos aqui, não tenho como fazer, mas se você espera uma contribuição nossa, a gente tem ideias de novos serviços, que podem justificar internamente a gente fazer doações”, disse o executivo à Polícia Federal.

A partir de então, Moreira Franco ajudou a elaborar a ideia de dois contratos que gerariam serviços para empresas do grupo. "E pensamos também em uma ordem de grandeza de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões para o MDB, quando ocorre o primeiro e o segundo turno das eleições”, relatou Sobrinho.

A pergunta chegou a ser refeita ao delator, quando o delegado Cleyber Malta questionou se essa engenharia estava sendo pensada para viabilizar o repasse de dinheiro, ao que Sobrinho respondeu "perfeitamente". O executivo afirmou também que o coronel Lima cobrava o andamento dos dois projetos para que o dinheiro fosse liberado o quanto antes.

As duas ideias não chegaram a dar certo. De acordo com o colaborador, ele pediram a uma empresa envolvida em projeto no aeroporto de Brasília para que realizasse o repasse de R$ 1 milhão, o que foi feito.

Segundo José Antunes Sobrinho, coronel Lima e Moreira Franco estavam à frente das discussões sobre o dinheiro para a eleição. “Ele [Lima] trás o assunto, mas o Moreira também [de ajudar na eleição]. Tanto que ele [Moreira] me levou para almoçar com o presidente, para falar de aeroportos, mas no fundo, era uma empresa que prestava importantes trabalhos em uma área que o MDB tinha o controle”, disse.

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