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Morre o economista e ex-ministro Reis Velloso

21:43 | Fev. 19, 2019
Autor Agência Estado
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Tipo Notícia
Morreu na manhã de terça-feira, 19, o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, aos 87 anos. Ele faleceu em sua casa, no bairro de Ipanema, zona sul do Rio. O velório está marcado para as 8h de hoje, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. O enterro ocorrerá às 10h30.
O filho de Reis Velloso, João Marcos Velloso, contou que o pai tinha tomado café da manhã e se preparava para uma sessão de fisioterapia quando teve um mal súbito.
Natural do Piauí e radicado no Rio, o economista serviu a diferentes governos desde o início da ditadura militar, em 1964, passando pelos governos Castelo Branco, Costa e Silva, Médici e Geisel. Como ministro do Planejamento, Reis Velloso era considerado um dos civis mais poderosos do governo Geisel.
O ex-ministro entrou para a política em 1951, aos 20 anos, segundo o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da FGV (CPDOC/FGV). Naquele ano, se mudou para o Rio, então capital, vindo de sua Parnaíba natal, para trabalhar como secretário do deputado federal Jorge Lacerda, da União Democrática Nacional (UDN).
Em seguida, Reis Velloso iniciaria sua carreira como escriturário do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (Iapi), ainda no Rio. Em 1955, passou em concurso público para o Banco do Brasil, trabalhando inicialmente em São Paulo. Após ser assessor no BB, Reis Velloso trabalhou no gabinete do ministro da Fazenda Walter Moreira Sales, no fim de 1961, no governo João Goulart.
O ex-ministro não viveu a derrocada do governo João Goulart nos gabinetes ministeriais, já que, em 1962, foi estudar na Universidade Yale, em New Haven (EUA), onde obteve o mestrado em Economia, em maio de 1964. Quando voltou ao Brasil, em julho daquele ano, o governo militar do marechal Humberto Castelo Branco já estava instalado em Brasília.
Reis Velloso foi então trabalhar no Ministério do Planejamento, comandado pelo economista Roberto Campos, ícone do liberalismo econômico no País. Na nova função, Reis Velloso organizou e chefiou o Escritório de Pesquisa Econômica e Social Aplicada (Epea), hoje Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em abril de 1968, passou a ocupar o cargo de secretário-geral do Ministério do Planejamento.
Reis Velloso assumiu como ministro no fim de 1969, em seguida da posse do general Emílio Garrastazu Médici na Presidência. À frente do Planejamento, coordenou as duas edições do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). O PND 1 foi lançado em 1972, e o PND 2, em 1974.
O ex-ministro deixou o Ministério do Planejamento em 1979. O novo presidente, o general João Batista de Figueiredo, indicaria o ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen para a pasta.
A saída do Ministério do Planejamento marcou o fim da carreira política de Reis Velloso. Ainda segundo o CPDOC da FGV, seu nome seria aventado como candidato ao governo do Piauí, mas o ex-ministro optou por assumir a presidência, ainda em 1980, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), ligado à Bolsa de Valores do Rio.
De lá para cá, Reis Velloso integrou conselhos de administração de diversas estatais, mas atuou principalmente no setor privado. Em 1988, organizou o 1.º Fórum Nacional, com o tema "Ideias para a modernização do Brasil". O evento reuniu economistas, cientistas sociais e políticos, líderes sindicais e empresariais, para discutir temas sociais e econômicos da atualidade. Com a criação do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), o Fórum Nacional se tornaria anual a partir dos anos 90.
"Lembramos com carinho a figura extraordinária do ministro e professor José Reis Velloso. Foi ministro do Planejamento e promovedor dos mais importantes encontros sobre desenvolvimento econômico brasileiro", disse o economista Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES.

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