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Diferentemente de outras eleições, Ceará não registrou denúncias de coações por empresários

Em 2014 e 2016, entretanto, houve denúncias de abuso de poder: determinações de empresários e gestores públicos para que funcionários votassem em seus candidatos
20:00 | Out. 06, 2018
Autor Carlos Holanda
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Carlos Holanda Repórter
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Tipo Notícia
O Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE), procurado pelo O POVO Online, afirmou que, neste ano, não foram registradas denúncias de eventuais coações de empresários cearenses a funcionários por causa das eleições. Conforme a coordenadoria de 1º Grau do MPT-CE, setor responsável pelo recebimento e distribuição de denúncias, não há registros no Estado de agosto até essa quinta-feira, 4, quando o órgão respondeu a reportagem. Entretanto, em relação a processos eleitorais anteriores, 2014 e 2016, foram identificadas algumas denúncias.
 
No pleito presidencial de quatro anos atrás, o MPT-CE recebeu denúncia de abuso de poder hierárquico na esfera pública municipal. "Suposta coação por parte de gestor público municipal para que os trabalhadores votem em determinado candidato, sob risco de pena de demissão. Por se tratar de regime jurídico estatutário, o procedimento foi encaminhado ao Ministério Público Estadual", dizia o procedimento.
 
No âmbito privado, no mesmo ano, outro caso de abuso de poder hierárquico.  "Suposta coação por parte de empresa do ramo alimentício para que os trabalhadores votassem em candidato específico, sob risco de pena de demissão". O processo foi arquivado em função da ausência de elementos para investigação.   
 
Dois anos atrás, em 2016, nas eleições municipais, denúncia anônima também falava utilização de trabalhadores terceirizados como cabo eleitorais de candidato a vereador. Este procedimento continua em investigação.
 
O POVO Online tentou ter acesso aos nomes das empresas, mas o MPT-CE optou por não cedê-los, já que são casos arquivados ou em investigação. Em situações desta natureza, trabalhadores podem procurar o Ministério Público do Trabalho. 
  
Condor e Havan
 
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Neste ano, no Grupo Condor, o empresário Pedro Joanir Zonta pediu aos funcionários que votassem em Jair Bolsonaro (PSL). Por meio de carta, ele elencou motivos que o fazem escolher o capitão reformado e outros que o levam a fazer oposição a partidos de esquerda. "Acredito no Bolsonaro, votarei nele e peço que confiem em mim e nele para colocar o Brasil no rumo certo", encerra. Procurada, a assessoria de comunicação da empresa atestou a veracidade do comunicado. 

À Agência Estado, Zonta disse que se defendeu. Afirmou que não pediu para que votassem em seu candidato.  "Jamais faria isso", declarou.
 
O empresário Luciano Hang, da Havan Lojas de Departamentos, promoveu atos no interior da empresa em defesa de Bolsonaro. Reportagem da revista Vice expõe relatos de funcionários da empresa. Num deles, sob anonimato, fonte diz que desde abril houve obrigatoriedade de usar camiseta verde - uma das cores da campanha de Bolsonaro. Além disso, diz que todos os funcionários já estão cansados dos apelos.
 
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Sobre o Grupo Condor, o Ministério Público Eleitoral no Paraná instaurou procedimento para apurar a carta aos colaboradores. "A intenção do MP Eleitoral é aferir se as declarações constantes na carta podem, de alguma forma, constranger os funcionários do grupo. O voto universal, direto e secreto é um dos pilares da democracia brasileira", diz o site do Ministério Público Federal sobre o caso.
 
Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT-SC) representou contra Hang na última terça-feira, 2. Cuidará do caso a 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis. Agora, após liminar, a empresa está proibida de direcionar a escolha dos funcionários. O juiz da decisão, Carlos Alberto Pereira de Castro, determinou ainda que Hang deverá publicar vídeo endossando a liberdade de decisão dos funcionários. 
 
Como denunciar 
 
O site do Ministério Público do Trabalho no Ceará tem espaço para recebimento de denúncias online.  

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