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Em entrevista, Temer diz que se arrepende de ter recebido Joesley no Jaburu

O presidente foi entrevistado no Jornal da CBN, na Rádio O POVO/CBN, e respondeu diversas perguntas; Temer afirmou que aproveitava a oportunidade "para dizer verdades"
23:23 | Mai. 07, 2018
Autor Samuel Pimentel
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Samuel Pimentel Jornalista no OPOVO
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Tipo Notícia
[FOTO1]Michel Temer foi o entrevistado desta noite no Jornal da CBN, da Rádio O POVO/CBN. Na conversa, o presidente respondeu sobre diversos assuntos como reformas, conjuntura política e eleições. O presidente aproveitou para responder críticas e reiterar que se arrepende de ter se encontrado com Joesley Batista, que gravou a conversa e colaborou com a Polícia Federal deixando Temer numa situação delicada. "Estou aproveitando os microfones dessa emissora para dizer verdades", afirmou.
  
[SAIBAMAIS]A delação da JBS deixou o governo abalado na época. De acordo com Temer, a repercução negativa do caso foi o grande empecilho na aprovação da reforma da previdência. "Impediu naquele momento a aprovação da reforma da Previdência, e levou um mês e meio para a recuperação (do governo). Mas eu resisiti, porque sabia o que tinha feito, mas o Brasil não parou", disse o presidente.
  
"É claro (se arrepende de ter recebido o empresário). Mas eu recebi outros tantos empresarios, recebi até jornalistas. Já recebi gente às 8 horas como às 23 horas".
  
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Temer falou também sobre os dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) em que ele é investigado por suposto recebimento de propina para edição do decreto dos portos em benefício de uma empresa e indícios de pagamentos ilícitos pela Odebrecht na Secretaria de Aviação Civil. 
  
  
"Nos primeiros dias (de investigação) ficou provado que essa empresa não foi beneficiada e mesmo assim a investigação continuou. Investigar assassinato que não tem cadáver", afirmou o presidente, ainda comparando o processo como Kafkiano - paralelo com o escritor Franz Kafka que escreveu "O veredito" -.
  
Segundo Temer, "sem dúvida alguma" existe uma "injustiça" e ainda afirmou que os investigadores começaram o processo por estarem "irritados" com o presidente e que "seria uma indignidade" ele ser preso.
  
Sobre os abalos e ataques que vem sofrendo desde de que assumiu o cargo, Temer afirmou que tem "muito orgulho de ser presidente", mas reconhece que "bastou ser presidente para iniciar uma campanha" que tem ele como alvo. Sobre isso, o presidente relembrou a repercussão de uma entrevista que deu à revista em que afirmou que poderia ser candidato.
  
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Taxa de popularidade
  
Sobre Alckmim e cúpula do PSDB dizer que o apoio do presidente poderia ser prejudicial à campanha, vista a baixa popularidade de Temer e a baixa aceitação do seu governo, Temer respondeu que "sem o apoio do governo" o candidato tucano "teria de se opor" aos esforços na redução dos gastos.
  
Temer ainda falou sobre uma recente conversa com o presidente do Banco do Brasil (BB), Paulo Rogério Caffarelli, em que ele lhe deu "uma boa notícia": a ação do BB na bolsa de valores valia R$ 15 no início do Governo do emedebista e agora vale R$ 45.
  
Sobre as eleições à Presidência da República deste ano, Temer avisou que seria a favor de um candidato que "apoie a tese da continuidade, para não abandonar os avanços".
  
Ainda falando sobre eleições, o emedebista comentou sobre os candidatos considerados "outsider". O presidente falou diretamente sobre Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo, que se filiou ao PSB e é considerado pré-candidato do partido à Presidência, que segundo sua visão não faria parte desse grupo.
  
"As pesquisa dão dados muito positivos. Não sei se o ex-ministro é um outsider, pois já ouço sua candidatura faz uns 2 anos", disse, apesar de Barbosa só ter se filiado a um partido político há pouco mais de dois meses.
  
Polêmicas
  
Temer se esquivou de temas polêmicos que estão sob tutela do STF. "Prezo muito a separação de competência dos poderes. Eu não quero fazer essa interferência". Porém defendeu que o caso do induto seja levado para discussão em plenário pois haveria "liberação de muita gente que não cometeu crime violento".
  
Perguntado sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o impacto histórico do cárcere, o emedebista afirmou que para "se atrever" a opinar "precisa examinar os autos", mas reafirmou que "não discute a prisão".
  
Auxílio moradia também foi tema e sobre isso o presidente reforçou a postura de não emitir posição, mas chegou a falar que "o STF deve propor" posição definitiva sobre o tema.
 
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A insegurança no Rio de Janeiro, onde houve uma intervenção federal na segurança pública, rendeu falas otimistas do presidente afirmando que a sensação de insegurança nas comunidades é "só impressão". Temer disse que uma reação das facções criminosas do Rio à intervenção era esperado, por causa de sua força e organização no Estado.
  
"É o seguinte, se cessarem as razões da intervenção, aí eu cesso pra valer", falou o presidente projetando o fim das ações para o mês de agosto ou setembro para ainda tentar pôr em votação a reforma da Previdência antes das eleições "dependendo da conjuntura" política das Casas legislativas para deixar a aprovação como legado de seu mandato.
  
"Eu gostraia até de entregar o governo nessas condições: aprovado a reforma do ensino médio, reforma trabalhista, recuperado estatais, combatido o deficit", pontuou.
  
Temer também falou que recebe informações da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco. "Investigações adiantadíssimas, pelas notícias que tenho recebido. Acho que em brevíssimo tempo será resolvido. Não quero fixar prazo".
  
Foro privilegiado é um tema "que não preocupa" o presidente e ainda criticou a ideia. "Acho que para quem comete um delito, estará na primeira instância seria melhor, pois há várias instâncias e pode haver até prescrição".
 
Na despedida do programa, Temer encerrou sua participação agradecendo o espaço que permitiu a ele "trazer verdades" ao público.
 

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