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Artigo: Devassar o quarto proibido

Jorge Paiva, membro do Crítica Radical, fala do bicentenário de Marx e dos 50 anos do maio de 1968
16:47 | Mai. 02, 2018
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Tipo Notícia

O espectro mudou. Hoje, um cadáver apodrece o mundo - o cadáver do capitalismo.

Com você, um desvio do Manifesto Comunista, nos 200 anos de Marx e 50 anos de 68 para a abertura do Manifesto Emancipacionista. Afinal, a 3ª revolução industrial mudou o modo de produção capitalista. Com isso, deve mudar também a sua crítica. Agora, através da crítica categorial teórica e prática é possível suplantar o capital.

[SAIBAMAIS]Essas provocações contêm provas irrefutáveis: os inúmeros sinais de decadência humana e ambiental produzidos pelo sistema e escancarados diariamente pela crise da fronteira histórica do capitalismo,

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A direita, o centro e a esquerda, a mídia e seus sustentáculos, os partidos e seus candidatos, governantes e seus auxiliares, universidades e institutos culturais, movimentos sociais, culturais e ecológicos subestimaram o alerta sobre esse limite há muito tempo prospectado.

Resistiram e não refletiram sobre essa questão decisiva. Desdenharam do alcance da crítica radical aos fundamentos do moderno sistema fetichista patriarcal produtor de mercadorias. Não levaram em consideração que essa crítica, baseada no valor-dissociação, alertava sobre a barbárie que adviria caso não suplantássemos o capitalismo e sua modernização, o socialismo.

Com isso, ficaram desarmados para a elaboração de um projeto à altura dos desafios do século XXI. Como consequência, estão despreparados para a superação da devastação humana e ambiental em curso, resultado do colapso do capitalismo.

Em razão disso, todas as tentativas que insistem em continuar ocultando a decomposição do sistema e a oportunidade histórica para a nossa emancipação do capitalismo tornaram-se desprovidas de senso crítico, impotentes, apequenadas.

Exemplos dessas limitações, no Brasil, vêm da campanha eleitoral em curso, dos eventos alusivos aos 50 anos de 68 e das atividades relacionadas com o bicentenário do nascimento de Marx.

[QUOTE2]No 1º caso, os partidos políticos e seus candidatos insistem em sustentar a disputa entre Dinheiro/Mercado contra Estado/Política e vice-versa. Não querem reconhecer o anacronismo dessa peleja que está na base de uma crise inusitada, a crise da própria forma-valor e não apenas de seus aspectos secundários. Fazem parte dela: a crise ecológica; a impossibilidade, na época da globalização, para a política e para os estados nacionais de continuarem a funcionar como instâncias reguladoras; a crise do sujeito constituído pelo valor-dissociação, particularmente visível na crise da relação entre os sexos e o esgotamento da sociedade do trabalho e de seus fundamentos. Para os neokeynesianos e neoliberais etc., a ficha ainda não caiu. Suas respectivas tentativas de manutenção alimentam o retrocesso da civilização atual com sua barbárie.

 

No 2º caso, as abordagens sobre as barricadas de 68 ocultam que elas mantiveram a crítica radical trancada no quarto proibido e que ao virarem modismo perderam a alma, pois moda é o oposto da crítica; que ao insistirem na leitura de que a crítica da Sociedade do Espetáculo (Debord) não é crítica ao capitalismo, censuram os situacionistas e que ao tentarem impedir que floresça a descoberta de que a valorização capitalista do valor – a inversão que ocorre no seu interior entre o abstrato e o concreto, entre meio e fim - transforma as forças produtivas em forças destrutivas, ocasionando com isso um poder estranho e hostil aos indivíduos, apresenta as relações entre os seres humanos como relações entre coisas mortas.

No 3º caso, a programação contempla exclusivamente o Marx exotérico, cuja interpretação da história como história da luta de classes não consegue alcançar a crítica radical categorial ao capitalismo. Trata-se de uma pretensão que visa excluir do debate a abordagem sobre o Marx esotérico, cuja crítica abarca e propõe a suplantação dos fundamentos do sistema. Nossa programação do Maio da Emancipação com o (re)lançamento do livro Ler Marx (Robert Kurz) objetiva sanar essa grave limitação teórica.

Resumindo: essas abordagens querem impedir que entre na ordem do dia a ultrapassagem desse dualismo irracional, ou seja, entre Mercado e Estado e vice-versa, que nos mantém aprisionados à imanência do sistema e, com isso, ainda nos impede de alcançar a transcendência, a autoadministração, a auto-organização que só podem vir da luta para além do Mercado e do Estado.
Se você ainda duvida, participe da programação do Maio da Emancipação onde a conspiração permanente dos situacionistas (maio/68) inspira horizontes mais amplos para a negação da negação do mundo contido na forma sujeito.
[QUOTE1]Por isso, conclamamos você para suscitarmos insurgências e rupturas para a superação do pensar e do agir moderno e pós-moderno que produziram um fracasso monumental que nos instiga para as possibilidades de suplantá-los conquistando e construindo uma sociedade humanamente diversa e desfetichizada, socialmente igual e criativa, prazerosa no ócio produtivo, ecologicamente exuberante e bela e completamente livre.

 

Irrompeu o momento para entrarmos e devassarmos o quarto proibido na 4ª revolução industrial. Não só para revelarmos os segredos mais importantes da humanidade e do planeta. Mas para inaugurarmos uma nova época: a época da emancipação humana e ambiental. Vamos superar a história das relações fetichistas com seu cantar para as mercadorias inaugurando uma nova relação social que canta os seres humanos desfetichizados com suas paixões desmedidas.

Jorge Paiva, membro do Crítica Radical

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