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André Fernandes x Patrícia Lélis: ambos têm razão e estão errados ao mesmo tempo

Confira artigo do editor-adjunto do O POVO Online, Ítalo Coriolano
18:42 | Fev. 07, 2018
Autor Ítalo Coriolano
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Ítalo Coriolano Editor-chefe
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Tipo Notícia

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Quando a polêmica envolve Jair Bolsonaro (PSC) ou Ciro Gomes (PDT), dificilmente alguma crítica direcionada a um dos dois presidenciáveis é infundada. É o que se pode perceber no mais novo embate das redes sociais protagonizado pelo youtuber cearense André Fernandes e a jornalista Patrícia Lélis. André, que conta com mais de 1 milhão de seguidores no Facebook, publicou um vídeo em que questiona se alguém teria coragem de votar no ex-governador do Ceará na disputa pelo Palácio do Planalto. Como argumento, aponta uma série de posicionamentos controversos do pedetista, a maioria registrada em vídeo. Tem Ciro discutindo com mulher em porta de hospital, Ciro rasgando cartaz de manifestante, fora as contradições de uma hora defender o ex-presidente Lula, outra o acusar pela situação em que o País se encontra hoje.

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O pavio curto do ex-ministro da Integração Nacional realmente é um problema que o coloca em uma série de situações delicadas, criando episódios que facilmente podem ser exploradas politicamente contra ele. Daí a serem motivos determinantes para alguém votar ou não nele é outra questão, mais subjetiva. Seria a compilação desses casos suficiente para saber se Ciro tem ou não condições de comandar o País? Sua capacidade e equilíbrio podem ser medidos a partir disso? Acredito que não. Mas o pré-candidato à sucessão de Temer e sua equipe precisarão ter jogo de cintura diante dos ataques que só tendem a aumentar.

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Patrícia Lélis, que antes se dizia de direita e agora se transformou em porta-voz nas lutas mais à esquerda, por sua vez, fez outro vídeo alegando que algumas frases de Ciro foram descontextualizadas e que André é mais um humorista que um militante político. Realmente, quando se faz um recorte de um discurso mais amplo, a declaração pode ganhar um tom mais duro do que teve. Seria importante dar um pouco mais de espaço para compreender o por quê de determinado posicionamento. Patrícia também acerta ao levantar as fragilidades do pré-candidato escolhido pelo youtuber cearense. No caso, Jair Bolsonaro, que também não é nenhuma flor que se cheire em termos éticos e cuja capacidade administrativa e espírito democrático precisam, sim, a todo tempo serem questionados. Ela também tem razão ao apontar os riscos de se misturar eleições com questões de cunho moral ou religioso. São campos que, de fato, precisam ter um determinado grau de distanciamento sob o risco de não discutirmos e aprofundarmos os verdadeiros problemas do País.

Ao se analisar os dois posicionamentos, entretanto, percebe-se ainda um retrato do "debate" político que é realizado atualmente no Brasil, tendo como palco principal a Internet: indivíduos que não conseguem dialogar e parecem mais preocupados em angariar likes e fama do que procurar soluções para a nossa crise profunda. Uma espécie de picuinha que engabela mentes, cria falsos dilemas e não parece contribuir para o progresso da arena pública. Adversários que acabam virando inimigos mortais, indo o respeito necessário em situações como essa para as cucuias. Uma superficialidade boa para atrair audiência, mas muito perigosa quando o que está em jogo é o futuro do País.

Assista aos vídeos do novo embate nas redes sociais:

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