Bolsonaro precisa olhar além dos seus admiradores
A maneira que há de revertê-la é fazendo-se viável como candidato. Duvida-se da capacidade do polêmico parlamentar de manter consistente o apoio ao seu projeto de candidatura presidencial, que, pelas pesquisas do momento, até pareceria justificar algum nível de entusiasmo de setores políticos, e até empresariais, naquela faixa que considera sempre ameaça maior ao País uma possível volta do PT, materializada hoje pela força do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas medições de intenção de voto do brasileiro.
Um aspecto que Bolsonaro já dispõe de experiência suficiente para entender é que uma campanha proporcional difere, e muito, de uma disputa majoritária. Este último caso exige mais do que bravatas, declarações até fortes, mas vazias no seu conteúdo político. Ele abrirá espaços nos palanques estaduais, fundamentais a uma campanha que queria se fazer viável, mostrando que é mais do que apenas uma voz firme, alguém capaz de gritar mais, apenas de se impor à força. De um gestor espera-se muito mais do que isso.
É importante que ele mude, por exemplo, na maneira como reagiu até agora às denúncias que o envolvem. O silêncio está predominando e a resposta, quando vem, é mais no sentido de contra-atacar ou de se vitimizar, nunca se preocupando em oferecer algum tipo de esclarecimento acerca dos fatos. É muito possível que seus apoiadores mais fanáticos, mais barulhentos do que numerosos, embora realmente pareçam muitos, se sintam satisfeitos e até o estimulem a continuar assim, só que existe mais gente a ser conquistada e que precisa de argumentos convincentes, que espera esclarecimentos reais sobre histórias como a do crescimento patrimonial e do recebimento indevido de auxílio-moradia sendo proprietário de um apartamento em Brasília, para ficar apenas em dois dos casos levantados pela imprensa nos últimos dias.
Será um gesto de inteligência do parlamentar absorver este caso no Ceará de maneira madura, buscando entendê-lo nas suas razões e vislumbrando meios de vencer uma objeção que também parte de gente qualificada, muitas vezes envolve razões que precisam ser respeitadas. Um primeiro passo no caminho de superação do problema é a apresentação de argumentos que revertam a relutância e levem quem hoje o rejeita a aceitá-lo como companhia de palanque na batalha eleitoral que se aproxima.
GUáLTER GEORGE