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Dilma vê renúncia de Cunha como 'jogada' para salvar mandato

Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes do PT acreditam que Cunha fez acordo com o presidente em exercício Michel Temer e também com o PSDB
08:50 | Jul. 08, 2016
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A renúncia do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvejado pela Operação Lava Jato, foi vista pela presidente afastada Dilma Rousseff e por ex-ministros como uma "jogada" para tentar salvar o mandato dele. Em conversas reservadas, Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes do PT avaliaram que Cunha fez acordo com o presidente em exercício Michel Temer e também com o PSDB, para costurar o arquivamento do pedido de cassação.

 

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma, disse que vai anexar o pronunciamento de Cunha no processo de defesa da presidente afastada. Ao renunciar, Cunha afirmou pagar "um alto preço por ter dado início ao impeachment" da petista.

 

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"O discurso dele cai como uma luva para demonstrar que esse processo foi, o tempo todo, movido por desvio de poder e vingança", afirmou Cardozo, que foi advogado-geral da União. "Está evidente a má-fé nos atos de Cunha", disse.

 

O então presidente da Câmara dos Deputados só aceitou a denúncia contra Dilma, em dezembro do ano passado, depois que o PT anunciou que não o apoiaria no Conselho de Ética.

 

A bancada do PT na Câmara vai agora trabalhar para dividir a base aliada de Temer no Congresso. A estratégia avaliada nos bastidores pelos petistas consiste em dar apoio a um candidato competitivo, que possa derrotar o nome de preferência do Palácio do Planalto.

 

O problema é que o PT também está rachado. Uma ala defende até mesmo o aval à candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para se contrapor ao avanço de Rogério Rosso (PSD-DF), nome ligado a Cunha. No diagnóstico dos petistas, a renúncia de Cunha foi uma manobra que passou pelo Palácio do Planalto.

 

"Trata-se de uma jogada para salvar o mandato de um dos chefes do golpe e rearticular a base do governo ilegítimo de Temer", afirmou o ex-ministro das Relações Institucionais Ricardo Berzoini. "Há várias fissuras nessa base e, evidentemente, a renúncia tem o objetivo de amenizar a campanha pela cassação do mandato de Cunha", disse Berzoini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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