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Ministro de Temer deixa pasta após divulgação de áudio em que critica Lava Jato

Silveira é a segunda baixa no governo do presidente interino Temer. O primeiro foi Romero Jucá, que estava à frente do Ministério Planejamento
20:01 | Mai. 30, 2016
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Fabiano Silveira decidiu deixar nesta segunda-feira, 30, o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

A decisão foi tomada após a divulgação no domingo, 29, de uma conversa com Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, em que ele critica o andamento das investigações da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR). A informação foi divulgada no início da noite pela assessoria da Presidência da República.

Ele enviou carta de demissão ao presidente Michel Temer na qual afirma que, "não obstante o fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério".

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O conteúdo da gravação de Silveira gerou intensa repercussão em Brasília nesta segunda-feira. Enquanto parlamentares da base aliada de Michel Temer (PMDB) cobraram explicações públicas do ministro, a oposição exigiu a saída do ministro.

Baixa no governo

Silveira é a segunda baixa no governo do presidente interino Temer. O primeiro foi Romero Jucá (PMDB-RR), que estava à frente do Ministério Planejamento.

Carta de demissão (íntegra)

Recebi do Presidente Michel Temer o honroso convite para chefiar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

Nesse período, estive imbuído dos melhores propósitos e motivado a realizar um bom trabalho à frente da pasta.

Pela minha trajetória de integridade no serviço público, não imaginava ser alvo de especulações tão insólitas.

Não há em minhas palavras nenhuma oposição aos trabalhos do Ministério Público ou do Judiciário, instituições pelas quais tenho grande respeito.

Foram comentários genéricos e simples opinião, decerto amplificados pelo clima de exasperação política que todos testemunhamos. Não sabia da presença de Sérgio Machado. Não fui chamado para uma reunião. O contexto era de informalidade baseado nas declarações de quem se dizia a todo instante inocente.

Reitero que jamais intercedi junto a órgãos públicos em favor de terceiros. Observo ser um despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no cumprimento de seus deveres ao longo de todos esses anos.

A situação em que me vi involuntariamente envolvido – pois nada sei da vida de Sérgio Machado, nem com ele tenho ou tive qualquer relação – poderia trazer reflexos para o cargo que passei a exercer, de perfil notadamente técnico.

Não obstante o fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

Externo ao Senhor Presidente da República o meu profundo agradecimento pela confiança reiterada.

Brasília, 30 de maio de 2016.

Fabiano Silveira

Redação O POVO Online

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