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Questionado sobre sua competência, superintendente de Itaguaí apresenta currículo

10:20 | Abr. 06, 2016
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O superintendente do Porto de Itaguaí Shalon Charles da Silva Gomes, que tem sua nomeação questionada pelo Sindicato dos Portuários do Rio de Janeiro, afirma ter trabalhado na empresa ACLD Consultoria entre 2006 e 2013. Com sede no centro da capital fluminense, a ACLD Consultoria, segundo dados da Receita Federal, abriu as portas em 20 de julho de 2012.

Segundo o currículo de Shalon Charles, entre 2006 e 2012, o superintendente atuou com Legalizações Documentalistas Públicas, Privadas, Alfandegárias, especialista na área de atuação Aduaneira, Importação e Exportação. Seu cargo, na empresa, era "consultoria em Administração Pública".

Constam no documento como principais atividades: Consultoria Administrativa Pública, Assessoria de Projetos Legislativos, larga experiência no desembaraço aduaneiro.

Em outro trecho, relacionado ao trabalho na ACLD, o currículo aponta como área de atuação "Assessoria e Consultoria especificamente na área de (prospecção, perfuração e exploração) empresas de exploração petrolífera; ampla experiência na área offshore" e "Consultoria em gerenciamento no ramo do comércio internacional com muitos anos em experiência em desembaraço aduaneiro, amplo conhecimento em Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex".

Na Receita, a descrição da atividade econômica principal da ACLD é "preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente". A secundária define atividade como "serviços combinados de escritório e apoio administrativo".

Entre 2007 e 2015, Shalon Charles controlou a Adapt Legalizações Documentalista Simples Pura - ME, empresa, que de acordo com a Receita, também ficava no centro do Rio. Fundada em 9 de agosto de 2007, a empresa foi extinta em 5 de novembro de 2015.

O currículo do superintendente não abrange seu trabalho na área política. Entre 10 de novembro de 2010 e 1º de fevereiro de 2011, Shalon Charles foi assessor parlamentar da deputada Waldeth Brasiel (PR) na Assembleia Legislativa do Rio.

Em 30 de outubro de 2013, ele foi nomeado coordenador municipal de Defesa Civil pela Prefeitura de Areal, na época chefiada também por Waldeth Brasiel. No Executivo do município, Shalon Charles foi ainda secretário de governo da prefeita e exonerado do cargo em 3 de setembro de 2014.

De acordo com a Companhia de Docas, Shalon Charles foi admitido em 17 de dezembro de 2015. Desde então, recebeu salários naquele mês e em janeiro e fevereiro deste ano. Respectivamente, os valores brutos de R$ 19.442,88, R$ 20.651,21 e R$ 19.442,88, que somam R$ 59.536,97.

O Sindicato dos Portuários do Rio de Janeiro questiona frente à Companhia de Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) a nomeação de Shalon Charles. Em quatro cartas endereçadas à instituição, o presidente do sindicato Sérgio Giannetto, membro do Conselho de Administração de Docas, afirma que o superintendente não tem experiência na área portuária e, portanto, não cumpre os requisitos básicos do Plano de Cargos Comissionados da CDRJ. A última carta foi encaminhada na terça-feira, 29.

O Porto de Itaguaí, segundo descrição de seu próprio site, é um dos principais polos de exportação de minério do País. "Destaca-se também pelos sucessivos incrementos registrados na movimentação de contêineres, demonstrando que o mesmo desfruta de notórias condições para assumir o papel de grande canal de escoamento da economia brasileira e principal porto concentrador de cargas do Mercosul", informa a página.

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