No Twitter, Gim Argello pede a fieis que agradeçam 'ao Pai por todas'
"Missa na Paróquia São Pedro, em Taguatinga. Momento de repor as energias e agradecer ao Pai por todas", escreveu o então senador na ocasião.
Na ocasião, detentor de poderes especiais como vice-presidente da CPMI da Petrobras, ele teria tomado uma fortuna de companhias que integraram o cartel na estatal petrolífera - parte do montante foi parar em conta da paróquia frequentada por Gim Argello.
Os procuradores afirmam que há evidências de que ele tenha recebido R$ 5,35 milhões da UTC (R$ 5 milhões) e da OAS (R$ 350 mil) para livrá-las de CPIs da Petrobras instaladas em 2014. Naquele ano, o então senador era vice-presidente da CPI mista que investigava a estatal.
A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram instauradas em maio de 2014, após a deflagração da 1ª fase da Lava Jato.
No relatório em que pedem ao juiz federal Sérgio Moro a prisão preventiva de Gim, os investigadores citam algumas matérias de jornais que ligam o ex-senador à Paróquia São Pedro.
"Há evidências de que Gim Argello possa ter destinado os valores para a Paróquia São Pedro em agradecimento ao apoio que o Padre Moacir Anastácio atribuía à campanha daquele, sem que seja possível ainda concluir sobre eventual envolvimento doloso deste em crimes de lavagem de dinheiro em benefício do ex-senador. Todavia, guardado o devido respeito à Paróquia São Pedro e ao Padre Moacir Anastácio, é necessária a adoção de medidas investigativas em relação aos fatos, em virtude do conteúdo de mensagens de textos colhidas do celular de Léo Pinheiro", afirma a força-tarefa no documento.
Ponto de partida
Os investigadores apontaram que no telefone celular do presidente do Grupo OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, apreendido na 7ª fase da Lava Jato, foram encontradas mensagens relacionadas a Gim Argello. Em mensagem enviada em 14 de maio de 2014 (data da instalação da CPI da Petrobras no Senado) a executivos do Grupo OAS, Léo Pinheiro solicita que seja feito pagamento no valor de R$ 350 mil para a conta bancária de uma paróquia do Distrito Federal, apontando como centro de custo a 'Obra da Renest' (referência à RNEST, refinaria da Petrobras).
De acordo com a força-tarefa, nas mensagens, o pagamento à paróquia é associado a pessoa de alcunha 'Alcoólico'. A identificação de 'Alcoólico' como sendo Gim Argello, num trocadilho com a bebida Gim 'foi evidenciada em troca de mensagens de Léo Pinheiro com Otávio Marques de Azevedo, presidente do Grupo Andrade Gutierrez, outra das empreiteiras envolvidas no pagamento de propinas a agentes da Petrobras'.
O pagamento de R$ 350 mil, segundo a Procuradoria da República, à paróquia foi efetivamente realizado em 19 de maio de 2014, 'como demonstram as mensagens posteriores no celular de Léo Pinheiro e as informações fiscais da Construtora OAS'. "Em contrapartida, não houve convocação de Léo Pinheiro para prestar depoimento nas referidas comissões parlamentares. Não há indicativo de que a paróquia tenha participado do ilícito ou de que tivesse conhecimento da origem ilícita dos valores", diz a força-tarefa.
Em sua delação premiada, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa afirmou que teria procurado o então senador Gim Argello para evitar que fosse convocado a depor nas comissões parlamentares de inquérito. Após acertos, pagou a quantia de R$ 5 milhões a Gim Argello, 'usando mecanismos de dissimulação (lavagem de dinheiro)'.
Segundo Ricardo Pessoa, o então senador teria orientado que tal valor fosse dividido e doado aos diretórios distritais de quatro partidos políticos: DEM/DF - R$ 1.7 milhões -, PR/DF - R$ 1 milhão -, PMN/DF - R$ 1.15 milhão - e PRTB/DF - R$ 1.15 milhão. Estes partidos, juntamente com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB/DF), formaram, em 2014, a coligação "União e Força"pela qual Gim Argello era candidato a novo mandato de senador da República pelo Distrito Federal. A força-tarefa destaca que 'não há indício de que tais partidos tenham participado ou tivessem ciência da origem ilícita dos recursos'.
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