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CNBB pede que Poderes cumpram responsabilidade com isenção

20:30 | Abr. 14, 2016
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Tipo Notícia
Sem tomar partido, a favor ou contra, no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, "uma das manifestações mais evidentes da crise atual", a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirma em declaração aprovada em sua 54ª Assembleia Geral, em Aparecida, nesta quinta-feira, 14, que espera "o correto procedimento das instâncias competentes, respeitando o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito".

"O bem da Nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e corporativistas", diz a nota da CNBB, depois de exortar os três Poderes das República a cumprir integralmente suas responsabilidades. "A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social", adverte a nota.

A maior preocupação dos bispos, conforme o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, declarou em entrevista à Rádio Vaticano é o que virá depois, seja qual for o resultado da votação do impeachment. "Ninguém revelou sua posição durante os debates, mas todos os bispos que falaram no plenário manifestaram angústia com relação ao futuro", disse o bispo de Mogi das Cruzes, d. Pedro Luiz Stringhini.

O documento lembra as conquistas da democracia, depois de vinte anos de regime de exceção, e reconhece que a conjuntura atual é "desafiadora", tendo vindo à tona escândalos de corrupção que, se não tiveram início agora, são "sem precedentes na história do País".

"Conclamamos o povo brasileiro a preservar os altos valores de convivência democrática, do respeito ao próximo, da tolerância e do sadio pluralismo, promovendo o debate político com serenidade", advertindo que "manifestações populares pacíficas contribuem para o fortalecimento da democracia. Nesse contexto, afirma a declaração da CNBB, "os meios de comunicação social têm o importante papel de informar e formar a opinião pública com fidelidade aos fatos e respeito à verdade".

O episcopado defende a apuração das denúncias de corrupção e pede a punição dos corruptos.

"Neste momento, mais uma vez, o Brasil se defronta com uma conjuntura desafiadora. Vêm à tona escândalos de corrupção sem precedentes na história do País. É verdade que escândalos dessa natureza não tiveram início agora; entretanto, o que se revela tem conotações próprias e impacto devastador. São cifras que fogem à compreensão da maioria da população. Empresários, políticos, agentes públicos estão envolvidos num esquema que, além de imoral e criminoso, cobra seu preço".

Quem paga pela corrupção? A CNBB pergunta e responde. "Certamente são os pobres, os mártires da corrupção", conforme palavras do papa Francisco. A declaração dos bispos diz que "as suspeitas de corrupção devem continuar sendo rigorosamente apuradas". O texto pede ainda que "os acusados sejam julgados pelas instâncias competentes, respeitado o seu direito de defesa; os culpados, punidos e os danos, devidamente reparados, a fim de que sejam garantidas a transparência, a recuperação da credibilidade das instituições e restabelecida a justiça."

O presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, d. Sérgio da Rocha, explicou que, ao insistirem no diálogo, os bispos estão defendendo o exercício da cidadania, que supõe o respeito à pluralidade, "o respeito a quem pensa diferente". Por isso, disse d. Sérgio, as manifestações devem ser pacíficas, como deve ocorrer no Estado democrático. Para ele, o documento expressa a preocupação da Igreja Católica com os rumos do País, sem assumir uma posição político partidária. "Insistimos em recordar que o caminho é da orientação, acompanhamento e respeito. Acreditamos no diálogo, na sabedoria do povo brasileiro e no discernimento das lideranças na busca de caminhos que garantam a superação da atual crise e a preservação da paz em nosso país."

"Não nos posicionamos sobre pessoas e partidos no governo", acrescentou o presidente da CNBB, observando que tem sido sempre essa a posição da Igreja Católica. Essa isenção supõe que bispos e padres não exponham em público, por exemplo durante as missas, suas opções pessoais.

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