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"Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça", diz Lula sobre operação da PF

Antes da coletiva, o petista falou com amigos e militantes no diretório nacional do partido. "Se eles quisessem me ouvir era só chamar que eu iria por que não devo e não temo", disse Lula
14:17 | Mar. 04, 2016
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alvo principal da 24ª fase da Operação Lava Jato, participou de coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira, 4, na sede do diretório nacional do PT, na região central de São Paulo. Ele disse que ele e o partido vão "recomeçar" e se sentiu "prisioneiro hoje de manhã". Lula se emocionou ao falar dos filhose disse achar que "merecia um pouco mais de respeito".

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Acompanhe trechos da coletiva:

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15h11min: Me senti ultrajado como se fosse um prisioneiro, apesar do tratamento cortês dos delegados da Polícia Federal. Se quiseram matar a jararaca não bateram na cabeça, acertaram o rabo. E a jararaca está viva como nunca esteve. 

15h10min: Embora esteja magoado, acho que o que aconteceu hoje era o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça. Há muito tempo o PT estava de cabeça baixa.

Não sei se serei candidato à presidência em 2018, Às vezes a natureza é implacável com quem passou dos 70, mas a ciência também está evoluída. É preciso recomeçar e vamos fazer tudo de novo. Eu viaja de SP para o Acre para falar com quatro pessoas.

15h06min: Estou indignado pelo que fizeram com minha família, com meus companheiros do Instituto e do PT. Eu acho que eu merecia um pouco mais de respeito nesse país.

15h01min: A partir da semana que vem me convidem porque eu estarei disposto a andar nesse país. Não é possível meu país sendo vítima de um espetáculo midiático, que coloca como corrupção um barco de 4 mil reais da dona Marisa (sua esposa). Se eu pudesse eu dava era um iate. Se preocupando com um pedalinho de dois mil reais que ela comprou para os netos.  Eu uso a chácara dos amigos porque os inimigos não me oferecem.

14h56min: Ninguém queria que eu discutisse sexo dos anjos, as pessoas queriam que Lula falassem das coisas que são feitas no País. Que milagre vocês fizeram para levar energia a 15 milhões de pobres nesse país? Que milagre vocês fizeram? Era isso o que as pessoas queriam saber, por isso eu me transformei no conferencista mais caro do mundo, junto ao Bill Clinton (ex-presidente dos EUA). 

14h53min: As instituições fortes são a garantia do estado democrátioco. Desde a Constituinte eu briguei para ter um Ministério Público forte. É importante que os procuradores saibam que uma instituição forte precisa ter pessoas muito responsáveis.

14h50min: Nós provamos que os pobres não eram problema e os pobres viraram a solução desse país. Isso incomodou muita gente. Eu deixei a presidência e achei que tinha cumprido com a minha tarefa. Eu tinha duas teses: presidente bom é aquele que se reelege. Eles estão desde o dia 26 de outubro de 2014, não permitindo que a Dilma governe esse país.

14h49min: Ser amigo do Lula parece que virou uma coisa perigosa. É preciso criminalizar o PT, é preciso criminalizar o Lula, porque essa cara pode querer continuar".
14h47min: Lula se emociona ao falar sobre ação da Polícia Federal na casa dos seus filhos. "Não há nenhum explicação de por que foram atrás de vocês exceto pelo fato de vocês serem meus filhos".

Antes da coletiva, o petista falou com amigos e militantes no diretório nacional do partido. "Se eles quisessem me ouvir era só chamar que eu iria por que não devo e não temo", disse Lula. 

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A força-tarefa da Operação Lava Jato, deflagrada no começo da manhã de hoje, afirma que há evidências de que Lula recebeu valores desviados da Petrobras. A Polícia Federal e a Receita Federal cumpriram mandados em endereços do ex-presidente Lula e do seu filho, Fabio Luiz Lula da Silva, o Lulinha. Também foram cumpridos mandados na sede do Instituto Lula.
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O ex-presidente prestou depoimento por mais de três horas no aeroporto de Congonhas. Ele chegou por volta das 12h45 ao diretório nacional do PT em São Paulo. Em um carro preto, com os vidros fechados, o petista não falou com a imprensa nem com os militantes do partido, que demonstravam seu apoio.

O deputado federal do PCdoB Orlando Silva disse Lula manteve serenidade durante o depoimento e se disse à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários.

Operação

A Operação foi batizada de Aletheia em referência a expressão grega que significa busca da verdade. Cerca de 200 policiais estão nas ruas e 30 auditores da Receita para cumprir 44 ordens judiciais, entre elas 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

São investigados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto do esquema criminoso revelado pela Lava Jato que envolve pagamento de propina por grandes empreiteiras em troca de obras na Petrobrás a partidos políticos.

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é suspeito de ser o principal responsável pelo esquema de cartel e corrupção na Petrobras, comandado por partidos da base aliada e que beneficiou também a oposição. Segundo ele, o esquema beneficiou o "chefe do governo".

"Ninguém está imune à investigação, seja aqui em Curitiba, seja em Brasília", disse.

Dilma Rousseff

Durante reunião com prefeitos, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff classificou como "um exagero" a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Polícia Federal. "A presidente protestou porque ela acha que as coisas estão fugindo da normalidade do estado democrático de direito e lamentou que isso esteja acontecendo", disse o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, do PDT.

STF
A defesa do ex-presidente protocolou na manhã desta sexta-feira, 4, um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja suspensa, em caráter liminar (provisório), a nova fase da Operação Lava Jato. Os advogados alegam haver "desafio à autoridade" da ministra Rosa Weber nas diligências em curso. A ministra é relatora em uma ação de Lula para suspender os processos investigatórios conduzidos contra ele, mas ainda não emitiu nenhuma decisão sobre o caso.

Repercussão
o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou que os crimes cometidos à sombra do poder do PT "finalmente estão vindo à luz". Ex-líder da oposição na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) defendeu que a Casa aproveite a elevação da temperatura política nos últimos dias e instale a comissão especial do impeachment antes de STF responder os embargos declaratórios protocolados pela Câmara contra o rito do processo.

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