Conselho de Ética discute investigação sobre suposta assinatura falsa de deputado
O jornal Folha de S.Paulo consultou dois peritos que atestaram a falsidade da assinatura do deputado Vinícius Gurgel (PR-AP).
Na noite da votação, 2 de março, quando aliados de Cunha foram surpreendidos com a retomada da sessão que havia sido suspensa devido ao início das votações em plenário, Gurgel encaminhou uma carta de renúncia ao cargo de membro titular do colegiado.
Na ocasião, o próprio líder do PR, deputado Maurício Quintella Lessa (AL), assumiu a função para assegurar que o voto favorável a Cunha fosse mantido. O parecer contra o peemedebista foi aprovado por 11 votos a 10.
Naquela noite, adversários de Cunha desconfiaram da troca de última hora e sugeriram ao presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), que não aceitasse a mudança.
Os aliados de Cunha alegaram que Gurgel estava doente e que o documento foi encaminhado naquele dia por meio de avião. Araújo aceitou a mudança. Nesta semana, Gurgel voltou como titular ao colegiado, o que gerou revolta.
Ao Broadcast Político, parlamentares contaram que Vinícius faz uso de forte medicação e que no dia ele estava em Brasília, mas não tinha condições de comparecer à sessão noturna.
A assinatura, segundo eles, pode ter saído diferente devido às condições em que ele se encontrava. Ao jornal, o deputado disse que estava de ressaca.
Nos últimos tempos, o colegiado vinha passando por sucessivas mudanças. Naquele mesmo dia foi anunciada a entrada do deputado Silas Câmara (PSD-AM) como suplente. Já o PTB mudou a deputada Jozi Araújo (AP) da titularidade para suplência e transferiu o deputado Sérgio Moraes (RS) de suplente para titular no bloco.
'Ato criminal'
Membro do Conselho de Ética, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) sugeriu, que, se confirmada a adulteração da assinatura de Gurgel (PR-AP), houve coautoria no episódio que classificou de "ato criminal".
Para o conselheiro, Eduardo Cunha atuou para alterar o resultado da votação que culminou com a aprovação do parecer pela continuidade da ação disciplinar.
Em um longo discurso na reunião administrativa do colegiado, o deputado - que é adversário político de Cunha - afirmou que o caso "é da mais alta gravidade para o Conselho e para esta Casa", atentando contra o decoro parlamentar e a ética.
Ele recomendou que se abra uma investigação para apurar quem colheu a assinatura do deputado e questionou a razão pela qual a Secretaria Geral da Mesa Diretora atestou a autenticidade da assinatura. "Foi tudo feito na Mesa da Câmara dos Deputados, na presidência do representado", acusou.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pregou que Gurgel venha se explicar ao colegiado sobre o suposto caso de fraude. O parlamentar - que voltou a ser membro titular do colegiado - não compareceu à sessão desta manhã. "Vamos jogar luz sobre esse episódio gravíssimo", declarou.
O relator da ação contra Cunha, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), chamou o episódio de "manobra criminosa" e considera que isso pode comprometer os trabalhos do grupo. "Se confirmada essa denúncia, estamos diante de um crime e uma tentativa de fraude aos trabalhos do conselho. Acho que esse é um caso para a polícia investigar", afirmou.
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