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Citados em planilha da Odebrecht dizem que doações foram legais

21:20 | Mar. 23, 2016
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Políticos cujos nomes aparecem na planilha apreendida pela Polícia Federal na casa de Benedicto Barbosa, alto executivo da Odebrecht, com o nome de mais de 200 políticos de 18 partidos que teriam recebido contribuições da construtora, afirmaram nesta quarta-feira, 23, que os valores que constam na lista referem-se a doações legais.

Beto Albuquerque

O ex-deputado federal e ex-candidato a vice na chapa presidencial da ex-senadora Marina Silva, Beto Albuquerque (PSB), na campanha de 2014, divulgou nota na tarde desta quarta-feira, 23, dizendo que toda doação recebida da empreiteira Odebrecht está "devidamente" declarada e afirmou que a generalização nestas circunstâncias "só serve para premiar os verdadeiros criminosos".

Em sua página no Facebook, o atual vice-presidente de relações governamentais do PSB disse estar apurando os detalhes da data e circunstância da citação de seu nome na planilha de doações de campanha da empreiteira divulgada nesta quarta. "Seja como for, não há nenhuma novidade nisso! Já constaram em algumas prestações de contas eleitorais minhas e do meu partido a doação formal e devidamente declarada da Odebrecht e de outras empresas. Tudo devidamente declarado", escreveu.

O ex-deputado disse confiar e apoiar os trabalhos da investigação. Ele ressaltou que está seguro que será possível separar "o legal do ilícito e a propina da corrupção da doação formal e legal de campanha". "Que o juiz Sérgio Moro siga firme em sua jornada e que o MPF, PF, STF e TSE cumpram suas missões constitucionais o mais rápido possível", finaliza.

Luiz Marinho

O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), também divulgou nota na qual afirma que todas as doações recebidas em suas campanhas constam nas prestações de contas entregues e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Marinho está no seu segundo mandato como prefeito de São Bernardo. Antes, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, chefiou o Ministério do Trabalho e o Ministério da Previdência Social. Ele também já foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Jarbas Vasconcelos

Candidato a vereador do Recife em 2012, Jarbas Filho (PMDB), filho do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), disse em nota que todas as doações que recebeu em sua campanha foram declaradas e aprovadas. As planilhas apreendidas citam Jarbas Filho e atribuem a ele o apelido de "Viagra", além de citar valor 100, que seriam referentes a R$ 100 mil.

"Todas as doações de campanha que recebi em 2012, quando tentei uma vaga para Câmara de Vereadores do Recife, foram declaradas e aprovadas. Dentro dessa prestação existem doações de empresas privadas, pessoas físicas e dos diretórios estadual e nacional do PMDB, meu partido. Tudo formalizado, seguindo as orientações legais e disponibilizado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)", afirmou Jarbas Filho em nota.

Bruno Araújo

O ex-líder da oposição na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), disse nesta quarta-feira que as citações a seu nome na lista são referentes às campanhas eleitorais de 2010 e 2012.

Segundo ele, os valores de 2010 foram doados a sua conta de campanha para deputado federal. Já as de 2012, disse, são referentes a valores recebidos por seu partido e repassados "oficialmente" a candidaturas a prefeito em Pernambuco.

Bruno Araújo destacou que o próprio juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância, ressaltou que a lista apresentada também traz no seu bojo diversas doações eleitorais registradas. "É o nosso caso", afirmou.

O parlamentar tucano seguiu o discurso do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) - que também publicou nota esta quarta - e disse que é preciso, "com serenidade", "separar o joio do trigo". Araújo não mencionou, contudo, quem especificamente é o joio e o trigo na lista.

Roberto Pupin

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) afirmou em nota que a campanha de 2012 do prefeito de Maringá (PR), Roberto Pupin (PP), seu aliado político, não recebeu "doação direta" de empresas do grupo Odebrecht. O nome de Barros aparece ao lado do nome "Maringá", em referência à campanha de Pupin de 2012.

"Em relação a planilha da página 21 que aponta a indicação de recursos no valor de R$ 100 mil para a campanha eleitoral de Maringá em 2012, Ricardo Barros esclarece que a campanha do prefeito Roberto Pupin não recebeu doação direta de empresas do Grupo Odebrecht", rebateu, em nota.

Barros informou que todas as doações para Pupin foram "legais" e que a prestação de contas de campanha foi aprovada pela Justiça Eleitoral. Ele disse também que está "verificando" nas prestações de contas se a suposta doação de R$ 100 mil da Odebrecht foi realizada aos diretórios estadual e nacional do PP.

Nelson Pelegrino

O deputado federal licenciado Nelson Pelegrino (PT-BA) afirma, em nota, que as doações recebidas pela empreiteira para campanhas eleitorais aconteceram "rigorosamente dentro dos parâmetros legais".

Pelegrino disse ainda que as doações foram declaradas ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), que, segundo ele, analisou e aprovou as contas. O deputado, eleito para um quinto mandato em 2014, licenciou-se do cargo para, no início de 2015, tomar posse como secretário de Turismo da Bahia, no governo de Rui Costa, também do PT. Na lista da Odebrecht, o deputado licenciado é apelidado de "Pele".

Patrus Ananias

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, afirma que todas as doações à sua campanha eleitoral de 2012, para prefeito de Belo Horizonte, foram recebidas por meio das instâncias partidárias e que as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

O posicionamento de Ananias foi publicado em sua página na rede social Facebook. Na mensagem, o ministro, que é filiado ao PT, também reforçou que é contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

José Fortunati

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, confirmou que sua campanha à reeleição em 2012 recebeu da Odebrecht uma doação de R$ 500 mil. Segundo ele, no entanto, o aporte se deu por intermédio do diretório nacional do PDT.

Logo após ser informado da existência das planilhas, quando participava de um evento na capital gaúcha, Fortunati chegou a dizer que não tinha conhecimento de nenhum financiamento de campanha proveniente da Odebrecht. Mais tarde, porém, ele emitiu um comunicado reconhecendo que houve repasse de recursos no valor de R$ 500 mil, por meio do diretório nacional.

"A doação feita pela empresa Odebrecht, de acordo com as normas eleitorais, foi realizada para a Direção Nacional do PDT que fez o repasse para a minha campanha eleitoral da Prefeitura de Porto Alegre. É importante observar que o montante faz parte, tanto da prestação de Contas do PDT Nacional, como também da prestação de Contas da minha Campanha para a Prefeitura (dia 11/10/2012), que foi devidamente aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Também é necessário destacar que a Empresa Odebrecht não teve e não tem qualquer obra na cidade de Porto Alegre (antes ou depois do processo eleitoral)", diz o texto.

Daniel Almeida

O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (BA), confirmou ter recebido doações legais do grupo Odebrecht nas eleições de 2014. No campo da tabela "valor total", ao lado do nome de Almeida, consta R$ 150,00. Como todos os outros valores do documento, a quantia deve ser multiplicada por mil, chegando a R$ 150 mil em repasses. "Todas as doações da minha campanha foram legais e estão na prestação de contas. Fora disso, é especulação", comunicou o parlamentar. Alguns políticos receberam apelidos curiosos, o de Almeida foi "comuna".

Manuela d'Ávila

Já a deputada estadual Manuela d'Ávila (PC do B-RS) foi apelidada de "avião". Manuela afirmou que não recebeu doação de nenhuma empresa do grupo Odebrecht para a sua candidatura de 2012, contudo admitiu ter recebido contribuições lícitas de outras empresas em todas as suas campanhas. Ao lado do nome da deputada, aparece o valor de R$ 300 mil. "Todas as prestações de contas foram aprovadas", assegurou.

Manuela disse ainda que vai requerer judicialmente acesso à documentação. "Especulo que a Odebrecht, munida das pesquisas de opinião, fez projeções de contribuições a minha candidatura a partir de meu favoritismo pré-eleitoral. Com a queda vertiginosa que tive nas pesquisas (fui derrotada no primeiro turno das eleições), tais doações não aconteceram." A deputada também se defende afirmando que encerrou a campanha endividada.

O senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RJ) , Humberto Costa (PT-PE), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziottin (PC do B-AM) e Ana Amélia (PP-RS) negam ter recebido doações ilegais da Odebrecht.

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