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Governo não interferirá em disputa interna do PMDB, diz Florence

20:35 | Fev. 04, 2016
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O deputado Afonso Florence (PT-BA), novo líder da bancada do PT na Câmara, afirmou nesta quinta-feira, 4, que a prioridade da bancada em 2016 é "derrotar a tentativa de golpe à presidente Dilma Rousseff". Florense se referia ao processo de impeachment, instaurado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

"O pedido de impeachment está fundado em elementos não comprovados e em uma justificativa que não se enquadra nas regras estipuladas pela Constituição e pela legislação. Isso é tão forte que diminui a legitimidade."

O deputado, baiano como o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, irá liderar a bancada petista, segunda maior da Câmara, em um momento em que o governo luta para reagrupar sua base aliada e aprovar medidas que ajudem na recuperação da economia.

Contudo, garantiu que o governo não interferirá nas eleições internas do PMDB no Congresso, que acontecerão no dia 17 de fevereiro. A liderança do PMDB na Câmara é considerada vital para os planos do governo de sobreviver ao processo de impeachment contra a presidente.

Estão na disputa os deputados Leonardo Picciani (RJ), atual líder e possível aliado do governo, e Hugo Motta (PR), cuja candidatura foi articulada por Cunha. Para buscar alinhamento na base aliada, Florense adiantou que tentará antecipar temas mais controversos e intensificar o trabalho de persuasão em relação às peças legislativas que a bancada petista considerar serem do interesse nacional.

Cunha

Associando o processo de impeachment de Dilma na Câmara a uma resposta do presidente da Casa, Eduardo Cunha, ao posicionamento do PT de apoiar a abertura da investigação que pode culminar em seu afastamento, Florense garantiu que a posição do partido em relação à apuração pelo Conselho de Ética permanece a mesma.

Para Florense, a batalha que se trava na Câmara hoje sobre a suspeita de quebra de decoro por Cunha se dá pela abertura de um processo de investigação com evidências consistentes reunidas pelo Ministério Público.

"Achamos que onde houver indício substantivo deve haver investigação. E há indício consistente de que Cunha tem conta na Suíça, de que mentiu (em depoimento) e, portanto, o Conselho de Ética deve dar prosseguimento às investigações."

Lula

O novo líder do PT na Câmara saiu em defesa do ex-presidente Lula, que está sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. "Lula é atacado muitas vezes de forma condenatória quando é encontrada uma nota fiscal, ou por sair a diária de agentes públicos, ou por uma suposta alusão ao nome dele num vazamento de delação premiada", disse, enumerando os fatos mais recentes envolvendo o ex-presidente.

"Esse tipo de procedimento é irregular, porque não tem indício. O promotor disse que vai pedir indiciamento sem ter arrolado o direito de defesa. Isso é inédito e nos preocupa."

Florense afirmou que as investigações associadas ao ex-presidente são um ataque político e criticou o vazamento de delações premiadas. "Estão atacando o maior presidente da história do País. Quando há vazamento de delação premiada sobre um petista há quase uma condenação prévia. Houve delação premiada sobre o presidente do PSDB e ainda não vimos uma investigação."

Florence, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário no primeiro mandato da presidente Dilma, assume o posto de líder do PT na Câmara no lugar de Sibá Machado (AC).

No Senado, Humberto Costa (PT-PE) foi reconduzido ao cargo e será líder do PT pela quarta vez. Nesta quarta-feira, 3, os senadores petistas também indicaram Gleisi Hoffmann (PR) para presidir a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa até o fim do ano.

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