Em São Paulo, ala do PMDB quer Chalita fora do partido
Integrantes da cúpula do PMDB de São Paulo falam reservadamente que Chalita vai abandonar a legenda até fevereiro do ano que vem. O destino mais provável do secretário de Educação é o PDT. A troca conta com o aval do prefeito, Fernando Haddad (PT), que batalha para manter o projeto de ter o peemedebista como vice de sua chapa no ano em que vai disputar a reeleição à Prefeitura.
Chalita integra o governo Haddad desde janeiro deste ano. Ele defende a manutenção da aliança, mas passou a manifestar interesse em disputar a Prefeitura depois da chegada de Marta Suplicy a fim de não perder espaço dentro do PMDB.
Na terça-feira, Chalita afirmou publicamente que vai sair do PMDB se Marta for mesmo a candidata do partido na disputa à Prefeitura no ano que vem. Disse ainda que a "imposição" do nome da senadora "vai contra tudo" que ele construiu no partido - o peemedebista afirma ter filiado mais de 20 mil pessoas ao PMDB e ter montado a juventude da legenda.
Um dos principais interlocutores do vice-presidente Michel Temer - que também é presidente nacional do PMDB -, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que o partido deveria romper com a coalização de Haddad e manifestou apoio à candidatura de Marta. "O PMDB terá candidato próprio a prefeito. A vontade de Chalita de apoiar o PT não encontra eco no partido. Creio que Marta será a candidata. Ela tem meu apoio", afirmou Skaf ao Estado. "O PMDB já deveria ter devolvido os cargos na Prefeitura."
Diretório
O PMDB também reagiu institucionalmente. O diretório paulista emitiu uma nota no mesmo dia na qual rebatia as declarações dadas por Chalita e também marcando a posição da legenda sobre a aliança com o PT na cidade de São Paulo. O diretório estadual diz que o "PMDB não tem compromisso com o prefeito, ao contrário de Chalita". "O PMDB tem compromisso com a cidade de São Paulo e não com o prefeito, ao contrário do Chalita", escreveu o secretário-geral da sigla, deputado estadual Jorge Caruso, em referência às articulações para que Chalita seja vice na chapa de Haddad.
No documento, Caruso também faz uma provocação e convida Chalita a participar das reuniões partidárias. O secretário de Educação é presidente municipal do PMDB. Caruso é um dos principais aliados de Marta no PMDB em São Paulo, tem ajudado na elaboração de agendas da senadora na periferia aos fins de semana e desempenhou papel importante na aproximação com os quatro vereadores do partido.
Líderes do PMDB paulista minimizam os efeitos de uma eventual saída de Chalita do partido. Segundo eles, o secretário tem poucos aliados e não provocaria uma reação em cadeia caso desembarcasse mesmo da legenda.
Temer, por sua vez, tem dito que não há 100% de garantias de que o PMDB terá candidato próprio em São Paulo, nem bate o martelo sobre o nome de Marta caso o partido, de fato, lance candidatura própria.
O vice presidente também disse a aliados que a manutenção do PMDB no governo Haddad vai ser objeto de uma consulta interna no diretório. O objetivo é medir o interesse dos peemedebistas em permanecer na aliança com o PT na capital ou em lançar candidatura própria nas eleições de 2016. Caso vença a ala que defende o voo solo no ano que vem, Marta terá de disputar a vaga de candidato com outros eventuais pré-candidatos. Atualmente, o único nome do PMDB que manifestou interesse é Chalita.
A senadora conta hoje com apoio da maioria dos deputados estaduais do PMDB. Marta tem feito encontros com parlamentares da legenda para garantir apoio à tese da candidatura própria. Em 2012, embora Chalita tenha ficado em quarto lugar na disputa pela Prefeitura, o lançamento da chapa ajudou o partido a reconquistar espaço na Câmara. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo