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Delcídio queria conversar com Fachin para tentar anular delação, mostra diálogo

Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso; o senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília

13:20 | 25/11/2015
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O passo mais ousado da estratégia do senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo na Casa, para barrar a Operação Lava Jato era anular a primeira e mais explosiva delação premiada sobre o esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobras entre 2004 e 2014.

Em reunião no hotel Golden Tulip, em Brasília, no dia 4 de novembro, o petista se comprometeu a "conversar com o ministro Edson Fachin", do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre um habeas corpus que questiona a delação do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. O ex-diretor denunciou deputados, senadores e governadores como beneficiários do esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobras.

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No encontro participaram, além de Delcídio, seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, e Bernardo Cerveró, filho do executivo da estatal. Preso desde janeiro deste ano, Cerveró já foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato.

No último dia 18, após intensas negociações, Cerveró fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Era esse o temor de Delcídio. O líder do governo tinha receio de que Cerveró o envolvesse no esquema de propinas na Petrobras, estatal onde o petista trabalhou como diretor no setor de Óleo e Gás, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"O congressista dispõe-se, ademais, a conversar com o ministro Edson Fachin sobre outro habeas corpus que discute a anulação do acordo de colaboração de Paulo Roberto Costa e está com vista para o Ministro, diante de ponderações do advogado Edson Ribeiro de que, concedida a ordem nessa impetração, a Operação Lava Jato seria em boa medida anulada", relata o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

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Na conversa com Delcídio, o advogado de Cerveró diz que, anulada a delação de Paulo Roberto Costa, a decisão poderia se estender às outras colaborações premiadas da Lava Jato - como a do lobista Fernando Baiano.

"Ouve-se até mesmo, na conversa, determinação do congressista a seu chefe de gabinete de que anotasse em sua agenda o compromisso de 'tomar um café' com o ministro Edson Fachin", relata Janot ao STF.

Depois da reunião de Brasília, houve ainda mais uma, em 19 de novembro de 2015, no Rio, no escritório do advogado Edson Ribeiro, "para dar sequência às tratativas que vinham sendo entabuladas". Delcídio foi preso na manhã desta quarta-feira, 25, em Brasília.

Prisão
Delcídio do Amaral foi preso na manhã desta quarta-feira, 25, após autorização do Supremo Tribunal Federal à Polícia Federal. Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso.

> 2ª turma do STF referenda prisão de Delcídio Amaral por unanimidade

A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, que também tem como alvo empresários. As ações foram autorizadas pelo Supremo. Não se trata de uma fase da Lava Jato tocada em Curitiba, na 1ª instância.

O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que o senador teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

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