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Corrupção é sistêmica; não é ônus de um partido ou um governo, diz procurador

12:20 | 25/11/2015
O procurador da República Deltan Dellagnol, do Ministério Público Federal do Paraná, que atua nas investigações da Operação Lava Jato, voltou a afirmar que a corrupção no Brasil é "sistêmica", não é "ônus" de um partido ou de um governo, e defendeu a proposição de projeto de lei (PL) popular para implementar dez medidas contra crimes de colarinho branco, uma campanha encampada pelas Procuradorias. Dellagnol também aproveitou para criticar o desmembramento das investigações da Lava Jato.

"A corrupção no Brasil não é Petrobras, é sistêmica. Não é ônus de um partido ou de um governo. A corrupção vem de longa data", disse Dellagnol, em palestra a uma plateia forma em sua maioria por universitários na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

O procurador citou registros históricos feitos pelo Padre Antônio Vieira, escândalos do governo Getúlio Vargas e casos apurados nos anos 1990 como provas da antiguidade da corrupção no País. "A corrupção aconteceu em todo o período da ditadura (militar)", afirmou Dellagnol, citando o ex-governador Adhemar de Barros.

Ao fazer a defesa das dez medidas propostas pelo Ministério Público, Dellagnol criticou a inoperância do Executivo e do Legislativo para mudar leis e regras para tornar o combate à corrupção mais efetivo. Para o procurador, a Lava Jato não mudará o País, apesar da expectativa criada em torno de cada nova fase da operação.

"Já não sabemos o suficiente? O que foi feito para mudar isso? Nada. Pelo contrário, surgiram propostas de fechar a CGU (Controladoria Geral da União) e do projeto de repatriação de recursos do exterior", disse Dellagnol.

Dellagnol pediu à plateia que assinasse o abaixo-assinado pela proposição do PL sobre as dez medidas (que incluem aumento de penas, campanha de conscientização e criação de instrumentos para recuperação de dinheiro) e exortou todos a serem ativos no intuito de combater a corrupção. Para isso, ele ressaltou que o problema afeta a todos, desviando dos cofres públicos R$ 200 bilhões ao ano e gerando ineficiência econômica.

A crítica ao desmembramento da Lava Jato, como foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à fase da operação que investiga o pagamento de propina na obra de construção da usina nuclear Angra 3, tocada pela estatal Eletronuclear, foi feita após Dellagnol detalhar algumas das técnicas de investigação, como o cruzamento de enorme quantidade de dados com uso de softwares. "Quando você tira um pedaço da investigação, é como se tirasse um pedaço de um quebra-cabeça. É difícil de entender", afirmou Dellagnol.

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