Propostas para o ajuste fiscal já existiam antes de Levy, diz Lula
"Tem gente que fala 'Fora Levy' com a mesma facilidade que gritava 'Fora FMI', e não é a mesma coisa. O programa de ajuste já estava feito antes do Levy", afirmou Lula. O ex-presidente ainda brincou: "alguns gritam Levy, mas já ouvi fora Palocci (ex-ministro da Fazenda) e até fora Fred (atacante do Fluminense) depois de perder o gol".
Lula destacou que ninguém quer arrumar a economia "mais rápido" do que a presidente Dilma Rousseff. Isso porque, segundo ele, a petista sabe que essa é a "única condição" de o PT recuperar o prestígio que já teve. De acordo com ele, Dilma, mais do que ninguém, também quer reduzir a taxa básica de juros (Selic).
O ex-presidente ponderou, contudo, que a redução dos juros não é algo tão simples. Ele lembrou que, apesar de a Selic estar atualmente em 14,5% ao ano, os juros futuros estão em 17%. "Isso significa que não há confiança de que a taxa de juros vá reduzir a inflação. Não há consenso de que a economia vá ser recuperada", disse.
O petista lembrou que a atual crise econômica é decorrente, em parte da crise econômica internacional maior do que a esperada, e, por outro lado, dos subsídios a programas importantes concedidos pelo governo. Após o governo ter gastado mais do que arrecada, Lula afirmou que não dá mais para pedir dinheiro para Levy.
Berzoini
Durante o discurso, Lula avaliou que a relação entre o Executivo e o Congresso teve uma mudança positiva "extraordinária" com a chegada do ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Ricardo Berzoini. O novo ministro assumiu a articulação política no lugar do ex-ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante, que se tornou Ministro da Educação.
"Com Berzoini, nenhum deputado se queixa mais que não teve conversa com o governo", afirmou o ex-presidente nesta quinta-feira, 29. Lula brincou que o atendimento não chega a 100%, mas que o que vale é o "chamego" e o "carinho" "quando não se tem dinheiro para fazer o que se tem que fazer nesse País".
O ex-presidente lembrou que Dilma também assumiu pessoalmente essa relação com parlamentares e que, desde então, vem notando uma melhora no ambiente político nos últimos dois meses.