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Empresa norueguesa confirma propinas por contratos da Petrobras

15:40 | 17/10/2015
Uma investigação na Noruega confirma que uma das principais empresas do setor de petróleo do país "provavelmente" pagou milhões em propinas para garantir contratos com a Petrobrás. Na noite de sexta-feira, a polícia escandinava fez uma operação de busca nos escritórios da empresa Sevan Drilling, do grupo Sevan Marine. A companhia admitiu que seus informes internos foram entregues às autoridades e que a empresa é acusada de corrupção no Brasil.

Especialista em exploração em alto mar, a empresa garante que está " colaborando " com o processo criminal em Oslo. Ela é acusada de ter pago propinas para garantir contratos com a estatal brasileira em negócios fechados entre 2005 e 2008.

As acusações foram reveladas em junho e a empresa europeia indica que havia encomendado uma auditoria a um escritório de advogados. O resultado foi concluído na sexta-feira e apontaram para o "provável" pagamento de propinas.

A auditoria conduzida pelo escritório Selmer concluiu que "é mais provável que pagamentos ilegais tenham sido feitos para garantir contratos com a Petrobrás". Eles seriam para a compra de instalações para estocagem e navios, além de material para perfuração das subsidiárias Sevan Driller e Sevan Brasil.

O informe encontrou indícios de atos suspeitos e transações que "constituem tanto negligência por parte da Sevan ou um conflito de interesse". "Tais atos podem potencialmente representar um crime financeiro", indicou.

Fontes na empresa insistem que os funcionários envolvidos já não trabalham na companhia e a principal atuação teria uma relação direta com os contratos de seis anos no campo de Piranema.

No Brasil, a empresa teria feito o pagamento graças a Raul Schmidt Felippe Junior, representante da companhia norueguesa no Rio de Janeiro até 2007 e, depois, e apontado pela investigação da Lava Jato como "parceiro" de Jorge Zelada, ex-diretor da área de Internacional da Petrobras. Ele teria feito parte de operações para camuflar recursos desviados da estatal, Shmidt é suspeito de ter negociado com a Sevan Marine que, em 2008, assinou um contrato de US$ 975 milhões com a estatal para fornecer equipamentos em operações de exploração em em águas profundas.

Em um comunicado, a Sevan Marine indica que apresentou um comunicado à Bolsa de Valores de Oslo para indicar que havia recebido o informe final da auditoria interna e que " decidiu entregar para as autoridades norueguesas para investigação e processo de crime econômico e ambiental ".

"A Sevan Drilling foi acusada de violar as seções 276a e 276b do Código Penal Norueguês em relação ao pagamento feito em relação aos contratos de 2012 à 2015, originalmente dados pela Petrobras para a Sevan Marine no período entre 2005 e 2008 ", indicou o comunicado oficial.

"A empresa está cooperando com as autoridades para identificar e disponibilizar todos os documentos", indicou a companhia. "Vamos continuar cooperando com as autoridades em todas as jurisdições", completou.

Agora, a auditoria vai investigar se ex-executivos da Petrobrás deram informações privilegiadas para a empresa norueguesa garantir os contratos.

A procuradora norueguesa, Marianne Djupesland, confirmou que diversos membros da direção da empresa foram questionados, entre eles o fundador da companhia e ex-CEO, Jan-Erik Tveteraas. Em junho, ele havia declarado para a imprensa local que havia ficado " chocado " com a notícia do envolvimento de seu ex-funcionário no Rio. "Ele abusou de nossa confiança", disse.

Em Oslo, o caso já é considerado como um dos maiores escândalos de corrupção, num país que faz questão de apresentar uma imagem de transparência. As investigações, porém, apontam que a propina poderia ter chegado a US$ 20 milhões.

Parte do dinheiro teria tido como destino o banco suíço Julius Baer, em nome de Zelada. Outra parte poderia ter sido encaminhada para contas em Mônaco.

O presidente da empresa norueguesa, Siri Hatlen, confirmou que, diante dos resultados da investigação, "decidiu dar as informações para a Justiça". "Somos uma empresa cotada na Bolsa e depende de uma boa reputação", comentou. "Temos tolerância zero com a corrupção", completou.

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