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Bancada 'BBB' atua para manter pauta conservadora

07:35 | 26/10/2015
Conhecidos como bancada "BBB" (Boi, Bíblia e Bala), ruralistas, evangélicos e deputados ligados à segurança pública se transformaram na principal salvaguarda do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para se manter no cargo. Apesar de não acreditarem na queda do aliado no curto prazo, esses grupos já dizem que um eventual substituto do peemedebista deve manter afinidade com a pauta que defendem.

"Se acontecer de ele (Cunha) sair, vamos eleger de novo alguém que dê independência à Câmara", afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), um dos mais de 300 integrantes da bancada "BBB". "Não nos preocupamos com a saída do Cunha, ele só sai se quiser. Mas, se sair, não vamos colocar outro presidente que não seja alinhado com nossos anseios", disse o deputado Capitão Augusto (PR-SP), da bancada da bala. "É claro que quem for entrar será eleito com nossa participação forte", disse o deputado Marcos Montes (PSD-MG), coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Com o agravamento da situação política de Cunha em virtude da Operação Lava Jato, que trouxe a público detalhes de contas secretas na Suíça atribuídas ao presidente da Câmara, o grupo quer manter o ritmo acelerado de votação da pauta conservadora.

Evangélicos, que já conseguiram aprovar na Comissão Especial o Estatuto da Família - que define como núcleo familiar a união entre um homem e uma mulher - aprovaram na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o projeto de Cunha que dificulta o acesso ao aborto legal para vítimas de estupro.

Já a "bancada da bala", cuja maior vitória neste ano foi aprovar a Proposta de Emenda à Constituição que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, deve votar nesta semana a flexibilização do Estatuto do Desarmamento na Comissão Especial. O texto altera a legislação de modo a facilitar o acesso a armas de fogo.

Também nesta semana deve passar pela Comissão Especial a Proposta de Emenda Constitucional 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas, pauta prioritária para os ruralistas.

Enquanto isso, as tratativas sobre eventuais nomes para substituir Cunha são feitas com discrição. Tanto governistas quanto a oposição avaliam que falar abertamente em alguém para o lugar do presidente da Câmara "queimaria" o candidato. "Existe uma regra tácita de não se falar nomes", disse um deputado da base. "Não é o momento de tratar de nomes, mas está todo mundo sendo testado", comentou um oposicionista.

Outro consenso entre oposição e base aliada é que o apoio da bancada "BBB" será decisivo na escolha de um substituto de Cunha, caso o presidente da Câmara realmente seja afastado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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