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Delator diz que executivo da Odebrecht indicou operador

17:00 | 23/09/2015
O ex-gerente da área Internacional da Petrobras Eduardo Musa, novo delator da Operação Lava Jato, disse ao Ministério Público Federal que "por volta de 2008/2009" conheceu o doleiro Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propinas da empreiteira Odebrecht no exterior. Ele disse que "acredita ter sido apresentado a Bernardo por Rogério Araújo, da Odebrecht".

Araújo, ex-diretor da empreiteira, está preso em Curitiba desde 19 de junho, alvo da Operação Erge Omnes, a etapa da missão Lava Jato que alcançou a cúpula da maior empreiteira do País, inclusive seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht.

Freiburghaus é suíço e, segundo os investigadores, voltou para seu País quando seu nome foi mencionado na operação. Antes de sair do Brasil, ele mantinha no Leblon, no Rio, a agência Diagonal, onde atendia a clientela interessada em remessas de valores para o exterior, segundo a Lava Jato.

"Alguém havia falado para o declarante que Rogério Araújo conhecia um bom operador de contas no exterior e este indicou Bernardo", disse Musa, conforme seu termo de declaração número 4 perante a força-tarefa da Operação Lava Jato que versa especificamente sobre contas no exterior.

Ele disse que foi ao escritório da Diagonal no Leblon, sede da agência de Freiburghaus. "Então o declarante resolveu abrir uma conta no HSBC na Suíça por volta de 2009 por indicação de Bernardo; quem, em 2010, também por indicação de Bernardo, abriu uma conta no Banco Julius Bar na Suíça."

Eduardo Musa relatou que "toda vez que abria uma nova conta transferia todos os recursos das contas antigas, salvo o das contas do HSBC, que foram transferidos para o Banco PICTET". Os investigadores destacam que a estratégia de migrar valores de conta em conta é muito usada nos esquemas de corrupção para dificultar o rastreamento dos órgãos de fiscalização.

Musa afirma que a conta no Julius Bar "tinha por objetivo receber propina da Schahin e da Vantage". Ele contou que em 2012 a conta do Julius Bar foi fechada, "migrando os valores para o banco Cramer, por sugestão de Pierino, gerente do banco Cramer, que esporadicamente vinha ao Brasil".

Segundo o ex-gerente da Petrobras, Bernardo Freiburghaus continuou gerenciando a conta no banco Cramer. "Que, atualmente, o declarante tem dinheiro no Cramer, offshore Nebraska, tendo aproximadamente US$ 2,5 milhões, e no banco PICTET, numa offshore que não se lembra o nome e nem o saldo, mas está buscando informações e se compromete a entregá-las o mais breve possível."

Admitiu que recebeu recursos no exterior de "serviços privados", segundo ele, prestados na época em que trabalhava na OSX. "Que recebeu comissões da SBM, Julio Faermann, Zwi, estaleiro Keppel Fells."

Musa narrou, ainda, que quando necessitava internalizar recursos em reais, por indicação de Bernardo Freiburghaus procurava o doleiro Miguel, na Ad Valor, "uma espécie de escritório de negócios, localizado na Rua do Carmo, Centro do Rio". "Os contatos com Miguel, normalmente, eram via Skype", disse o ex-gerente. "Miguel mantinha vários negócios com Bernardo."

Musa foi ouvido pelos procuradores da República Diogo Castor de Mattos, Orlando Martello e Laura Tessler. Ele disse que "para o recebimento das vantagens indevidas dos contratos da área Internacional foi orientado por Luís Moreira a abrir contas no exterior, por volta de 2006".

Segundo o ex-gerente da Petrobras, "Moreira chegou a oferecer os serviços de um doleiro uruguaio que gerenciava as contas dele". Musa disse que "optou por abrir contas na Suíça, utilizando-se dos serviços do Banco Credit Suísse porque era o mesmo esquema utilizado pelo seu amigo Abdala, outro funcionário da Petrobras, já falecido, que recebia propinas por intermédio de contas no Credit Suísse".

O ex-gerente esclareceu que foi ao escritório do banco suíço no Brasil, "então situado na Avenida Rio Branco, Centro do Rio de Janeiro, onde foi atendido pelo gerente IENS, indicado por Abdala, que cuidou de toda a parte de abertura da offshore no Panamá e abertura da conta da conte corrente na Suíça".

A empreiteira Schahin, por meio de seu advogado, o criminalista Guilherme San Juan, disse que não vai se manifestar.

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