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Carregador de malas de Youssef diz que levou números de contas a executivo

10:00 | 03/09/2015
Em depoimento à Justiça Federal, o "carregador de malas" do doleiro Alberto Youssef, Rafael �ngulo Lopes afirmou que, entre 2008 e 2013, se encontrou pessoalmente de 10 a 15 vezes com ex-vice-presidente da Braskem e ex-diretor institucional da Odebrecht, Alexandrino Alencar.

�ngulo depôs na Justiça Federal no Paraná segunda-feira, 31, como testemunha no processo que investiga a empreiteira Odebrecht em contratos supostamente superfaturados junto à Petrobras.

Alexandrino Alencar foi preso em 19 de junho, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Erga Omnes, a 14ª fase da Lava Jato. No mesmo dia foi preso o presidente da construtora Marcelo Odebrecht e outros executivos.

�ngulo disse que nos encontros que ocorreram tanto na sede da Braskem quanto da Odebrecht entregava a Alexandrino 'número de contas' e recolhia comprovantes de pagamento, alguns deles feitos no exterior.

"Levei algumas contas algumas vezes na Brasken, na marginal Pinheiros, em São Paulo, não me recordo o andar, e entreguei pessoalmente para ele", disse �ngulo referindo-se a Alexandrino. "O sr. Alberto (Youssef) me entregava um envelope, na maioria das vezes lacrado, e pedia para entregar em mãos. (�) Eu retirava, posteriormente, quando o sr. Alberto pedia, alguns swifts, que são comprovante de pagamentos, ou seja, de depósitos fora do país".

Alguns swifts foram entregues por �ngulo ao Ministério Público Federal como prova no acordo de colaboração premiada que fechou com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

�ngulo disse que não sabia do que se tratavam os depósitos e se eles eram resultantes do pagamento de propinas. Ele negou que tenha repassado ou recebido dinheiro em espécie do executivo. O funcionário de Youssef disse apenas que recebia envelopes lacrados do doleiro e entregava pessoalmente nas mãos de Alexandrino.

"Se era sobre propinas eu não sei, mas eram valores que eram pedidos para serem depositados fora do país, nessas contas. Mas não me era dito se era propina ou outra coisa", afirmou.

Questionado pelo Ministério Público Federal se este trabalho era lícito, �ngulo disse: "�s vezes eu pensava, às vezes não. Porque não tinha a informação correta. Ele (Alexandrino) não informava nem o sr. Alberto me falava sobre isso."

O carregador de malas de Youssef comentou ainda que o doleiro se encontrou algumas vezes com o executivo. Segundo ele, Youssef chegou a ir à sede da Braskem, mas geralmente os encontros aconteciam em restaurantes e flats. De acordo com �ngulo, o doleiro e Alexandrino se encontravam "não com muita frequência, mas até duas vezes por mês".

Diante do juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais em primeira instância da Operação Lava Jato, �ngulo descreveu o trabalho que executava para Youssef. Ele disse que pagava contas e retirava dinheiro em espécie para o doleiro. "Para o sr. Alberto eu fazia trabalhos pessoais, pagamento de contas e o que ele pedisse. E entregava dinheiro para certas pessoas. Fazia pagamentos pessoais para certas pessoas que ele indicasse em São Paulo e outros Estados", comentou.

No início das investigações, a Odebrecht negou incisivamente envolvimento no esquema de propinas na Petrobras. Agora, a empreiteira alega que só se manifesta nos autos do processo.

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