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Cardozo: é 'perfeitamente possível' construir agenda mínima de governabilidade

17:00 | 31/08/2015
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta segunda-feira, 31, que é perfeitamente possível construir uma agenda mínima de governabilidade, desde que o sistema político não reproduza "erros pueris" do passado. Fazendo inclusive um mea culpa do seu partido, o PT, ele explicou que é necessário buscar convergências, e não divergências.

Segundo Cardozo, o sistema político brasileiro é anacrônico e gera dificuldade de governabilidade, além de ter um perfil individualista que facilita os casos de corrupção. "Nosso sistema tem uma tendência imediatista, de querer culpar A, B ou C. Ele não nos fornece a estabilidade das relações políticas necessária para o enfrentamento de uma conjuntura econômica adversa."

O ministro disse que o País vive um processo de crise que não pode ser escondido e que é chegada a hora de buscar convergências. "Se as pessoas públicas quiserem ser maiores que seus horizontes pessoais e político-partidários, e jogar na defesa do País, terão de ser grandes e se desprenderem de certas disputas", comentou, sem citar nominalmente os partidos da oposição em nenhum momento.

Cardozo afirmou que não é possível dissociar a política da economia e que, em certas situações, as duas crises se autoalimentam. "Nosso sistema é fundamentalmente gerador de crises", afirmou. Segundo ele, nenhuma instituição humana se autorreforma, porque nenhum governante vai alterar as regras de poder em que foi investido. Por isso, ele defende a necessidade de uma "energia externa" para romper a inércia. "Dá para ter esperança se a sociedade se der conta de que a reforma política só sairá se ela perceber as mazelas do sistema, conscientizar-se que o sistema político não pode permanecer. Se depender de quem foi eleito, as regras não mudarão."

Ele disse que o atual sistema prejudica as reformas da Previdência e a tributária e alimenta os espíritos corporativos. "Como fazer um governo de coalizão no Brasil se os partidos são frágeis, não têm programa, não impõem suas políticas a seus parlamentares?", questionou. "O Brasil tem muitos políticos, mas poucos estadistas", acrescentou.

Ele comentou que o PT errou em certos momentos, ao defender determinados projetos quando estava na oposição. "Eu faço uma crítica generalizada a todos os partidos políticos. Se há consciência de que uma proposta é ruim para a sociedade e você vota para prejudicar o governo, é um erro e não se pode permitir que os políticos o façam. Nós (PT) erramos? Sim. Mas dá para acertar a partir de agora ou vão querer dar o troco?".

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