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Revelação de agente sobre escutas ilegais na PF surpreende deputados

16:40 | 02/07/2015
A revelação de que escutas ilegais foram implantadas na sede da Superintendência da Polícia Federal no Paraná surpreendeu os deputados da CPI da Petrobras. Na tarde desta quinta-feira, 2, o agente da PF Dalmey Fernando Werlang contou que implantou escutas na cela do doleiro Alberto Youssef e no fumódromo da Superintendência a pedido do superintendente da PF no Paraná, Rosalvo Franco, e dos delegados Igor Romário de Paula e Márcio Anselmo.

"Se uma escuta foi colocada sem prévia autorização judicial, é um caso muito grave", avaliou o presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). Werlang disse que os equipamentos fizeram gravações e que elas foram repassadas para Anselmo e uma outra delegada.

O agente, que ainda depõe em sessão fechada, afirmou que colocou a escuta no segundo andar da Superintendência no dia da prisão do doleiro Alberto Youssef. O agente informou que implantou o grampo na cela do doleiro e no fumódromo do prédio, este último com o objetivo de monitorar os próprios agentes da PF. Em abril do ano passado, Youssef se deu conta que estava sendo observado. "Já não é tão normal um preso ser ouvido. Agora, a instalação de escuta para ouvir os próprios policiais é mais estranho ainda", comentou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

No depoimento anterior, o ex-diretor de Inteligência da PF José Alberto de Freitas Iegas confirmou que foi encontrada uma escuta na cela de Youssef. O aparelho, segundo Iegas, era diferente do que foi colocado com autorização judicial na época do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. A PF chegou a informar que a escuta encontrada estava inativa e o juiz Sérgio Moro considerou, com base na sindicância da PF, que não havia irregularidades.

Valente avisou que apresentará requerimento para convocar os delegados envolvidos e Motta não descarta as convocações. "Eu quero dar à imprensa e à sociedade o esclarecimento que puder ser dado para garantir que a Operação Lava Jato possa continuar, mas que procedimentos que não sejam legais e autorizados pela Justiça, se não aconteceram, não venham mais acontecer. E quem fez isso e não tinha autorização da Justiça seja punido, para que isso não seja uma praxe dentro das investigações futuras no nosso País", disse Motta.

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) defendeu que a revelação do agente não tire o foco da CPI, que é o esquema de corrupção na Petrobras. "Não dá para achar que há uma desconstrução da Lava Jato", considerou a deputada, destacando que os parlamentares não podem se furtar a apontar ilicitudes na investigação da PF.

Já Motta enfatizou que a CPI não vai trabalhar contra a Operação. "Não vamos permitir que a CPI atrapalhe a Operação Lava Jato", afirmou.

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