Pastor articula frente em defesa "da vida e da família" na Câmara
A proposta foi apresentada poucos dias após a Câmara votar pela remoção de trechos que previam debate sobre homofobia no Plano Municipal de Educação
Desde julho deste ano, está aprovado na Câmara Municipal de Fortaleza um requerimento que pede a instalação de uma Frente Parlamentar “em defesa da vida e da família”. Proposta pelo vereador pastor Carlos Dutra (Pros), a ação busca “acompanhar e fiscalizar os programas e as políticas públicas destinadas à proteção e garantia dos direitos à vida e da família”.
A proposta foi apresentada poucos dias após a Câmara votar pela remoção de trechos que previam debate sobre homofobia no Plano Municipal de Educação. Na ocasião, o próprio Carlos Dutra foi autor de emendas que removiam os trechos contra a intolerância do texto. “Esses ensinamentos no colégio são perigosos”, disse, afirmando “defender a família”.
Paulo Diógenes (PSD), que é homossexual, indignou-se contra a proposta de Dutra. De acordo com ele, o texto original do Plano Municipal de Educação não faz pregação em benefício de determinada sexualidade. "O que está pedindo aqui é só que os professores saibam lidar com isso, e mais nada".
[SAIBAMAIS 3]Elaboração de leis
Com interesse em “trabalhar elaboração de legislação que verse sobre temas pertinentes à família e à defesa da vida”, a frente parlamentar já nasce com promessa de polêmicas. Pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Carlos Dutra tem feito posicionamentos conservadores, criticados por setores ligados a movimentos de defesa de direitos LGBT.
Pelo requerimento que pede sua criação, a Frente Parlamentar da Família irá também promover “debates, simpósios, seminários e eventos pertinentes” sobre os temas ligados ao grupo. Vereadores de oposição criticam mistura entre "religião e política" na Casa.
No Ceará, casos de intolerância contra homossexuais têm sido recorrentemente denunciados por movimentos ligados ao tema. Em abril deste ano, comitiva do governo federal fez intervenção em Itatira, a 216,8km de Fortaleza, após diversas denúncias de violência contra a comunidade LGBT no município.