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Não adianta martelar uma mentira mil vezes, diz procurador sobre Odebrecht

20:10 | 24/07/2015
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Operação Lava Jato, mandou um recado à empreiteira Odebrecht, que teve seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht e sua cúpula formalmente denunciados nesta sexta-feira, 24. O procurador afirmou que a verdade vai aparecer no processo.

"Não adianta martelar uma mentira mil vezes, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Receita Federal vão mostrar que é mentira. A verdade foi trazida hoje (durante o oferecimento da denúncia) através de uma série documentos. Se é uma estratégia continuar mentindo ela vai ser rebatida em todas as fases do processo até o julgamento final. Não adianta martelar mentira mil vezes. A verdade vai aparecer no processo, conforme as regras legais", disse ele.

A Odebrecht, maior empreiteira do País, tem reiterado taxativamente, durante meses, por meio de notas e comunicados à imprensa, que nunca participou do esquema de corrupção e propina na Petrobras. A companhia também nega depósitos para ex-funcionários da Petrobras.

Em 22 de junho, três dias após a prisão de sua cúpula, a Odebrecht publicou um comunicado nos principais jornais do País. Na ocasião, o grupo considerou uma afronta aos princípios básicos do Estado de Direito o decreto de prisão de Marcelo Odebrecht - alvo da Erga Omnes, 14.ª etapa da Lava Jato.

"Em relação às empreiteiras, desde o início, o Ministério Público Federal teve a intenção de se aproximar delas, permitindo que elas realizassem investigações internas e levantassem os dados de ocorrência de ilícitos internamente e nos trouxessem esses fatos, como hoje se exige de qualquer empresa moderna, em qualquer lugar do mundo. Entretanto, isso não aconteceu. Aconteceu parcialmente em relação à Camargo Corrêa. Em relação às demais, não", disse o procurador.

Carlos Fernando dos Santos Lima explicou.:"Especialmente, em relação à Odebrecht, nós verificamos uma atitude de negação, que vem desde o começo das investigações. Hoje, nós sabemos porque se nega e porque não foi feito nenhum trabalho interno de investigação. Porque a investigação atingiria os altos escalões da Odebrecht. Não era algo feito a níveis inferiores da instituição, mas sim no alto escalão, tanto que nós estamos fazendo uma denúncia, hoje, contra os dirigentes."

Offshores

Documentos enviados pela Suíça indicam oito novas contas supostamente usadas pelo grupo em nome de empresas offshores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, Golac Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional. Duas delas já eram conhecidas, a Constructora Del Dur e a Klienfeld.

As contas eram usadas supostamente pela empreiteira para os pagamentos e por beneficiários para recebimento. Os pagamentos foram de duas formas, segundo o MPF.

"Diretamente, pela utilização de contas em nome das off-shores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, das quais é a beneficiária econômica final e, portanto, controladora, com transferências diretas dessas contas para contas controladas por dirigentes da Petrobras."

A investigação suíça apontou pagamentos de US$ 10.924.390,04 do Grupo Odebrecht, investigado na Operação Lava Jato, aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços), Pedro Barusco (Gerência de Engenharia), Jorge Zelada (Internacional) e Nestor Cerveró (Internacional).

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